Eram pelo menos três os homens armados que irromperam, na noite desta sexta-feira, pela sala de espetáculos Crocus City Hall, em Moscovo, a disparar armas automáticas contra quem estava no local para ouvir um concerto da banda rock Picnic. Os números (não finais) indicam que há mais de 60 mortos — alguns asfixiados pelo fumo de um incêndio provocado pelos atacantes — e de 115 feridos, 61 deles em estado grave.

As imagens do local mostravam os arredores da sala de espectáculos, com capacidade para 6.200 pessoas, iluminados pelas luzes dos carros das forças de emergência e segurança, enquanto os bombeiros, com a ajuda de um helicóptero, procuravam combater as chamas. O fogo demorou horas a ser controlado e parte do tecto desabou. As autoridades conseguiram retirar muitas pessoas do complexo, durante as operações de socorro.

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O ataque desta sexta-feira, reivindicado pelo Estado Islâmico, é o mais mortífero dos últimos anos na Rússia – que, apesar de episódios graves nos últimos cerca de 20 anos, não sofrera nenhum ataque desde o início da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022. Em 2002, um comando checheno fez cerca de 850 reféns no teatro Dubrovka, também na capital russa. A operação de resgate resultou num “banho de sangue”, com a morte de pelo menos 170 pessoas.

Dois anos mais tarde, em setembro de 2004, durante uma cerimónia de início do ano escolar, três dezenas de rebeldes chechenos invadiram o recinto de uma escola em Beslan, mascarados e com cintos explosivos. Exigiam a retirada das tropas russas da região da Chechénia. Durante três dias, mantiveram mais de mil pessoas sequestradas no interior da escola, que armadilharam com bombas, ameaçando explodir o edifício a qualquer momento. O presidente Vladimir Putin interrompeu de imediato as férias, na cidade costeira de Sochi, e regressou a Moscovo para acompanhar a situação. O sequestro viria a terminar três dias depois, com a entrada repentina de tropas especiais russas no edifício. As explosões ocorridas no início do sequestro e durante a entrada das tropas russas causariam mais de três centenas de mortes, entre as quais 186 crianças.

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