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Pelo menos 133 pessoas morreram esta sexta-feira num ataque terrorista numa sala de espetáculos na capital da Rússia, Moscovo. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico, embora o Kremlin tenha procurado imputar, ainda que indiretamente, alguma responsabilidade à Ucrânia.

Mas, afinal, o que aconteceu mesmo? Que célula do Estado Islâmico é esta que reivindicou o ataque e que razões tinha para lançar um atentado em Moscovo? Que indicações havia sobre a possibilidade de isto acontecer, qual a relação do ataque com a Ucrânia e qual o impacto que poderá ter na guerra? O Observador procura a resposta a oito perguntas para compreender o acontecimento.

O que aconteceu esta sexta-feira em Moscovo?

Ao início da noite de sexta-feira, quatro homens armados entraram no Crocus City Hall, uma sala de espetáculos nos arredores de Moscovo, e abriram fogo sobre a plateia, que ainda estava a entrar na sala para assistir a um concerto de uma banda russa.

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O ataque causou a morte a 133 pessoas, de acordo com o balanço mais recente conhecido até à manhã deste domingo. Além disso, cerca de centena e meia de pessoas ficaram feridas, incluindo perto de duas dezenas em estado crítico. Há várias crianças entre as vítimas mortais e entre os feridos.

Os atacantes conseguiram fugir da sala de espetáculos no meio da confusão e só seriam apanhados pelas autoridades russas algumas horas depois. Ao início da manhã de sábado, o Comité Investigativo Russo anunciou a detenção de 11 indivíduos na sequência do atentado. Entre os detidos estavam os quatro homens que abriram fogo sobre a multidão na sala de espetáculos. Dois dos homens foram detidos na sequência de uma perseguição automóvel, quando já estavam a dezenas de quilómetros de Moscovo, na região de Bryansk, a caminho da fronteira ucraniana.

Como consequência de os atacantes terem usado bombas incendiárias durante o ataque à sala de espetáculos, um grande incêndio destruiu uma boa parte do edifício e provocou o colapso do telhado. Por essa razão, o número de vítimas mortais foi aumentando ao longo das horas que se seguiram ao ataque, uma vez que, à medida que as autoridades continuavam as operações de remoção dos escombros, novos cadáveres iam sendo encontrados.

O atentado terrorista — um dos maiores da história recente da Rússia — foi unanimemente condenado a nível global. Os líderes da esmagadora maioria dos países ocidentais, incluindo Portugal, divulgaram notas de condolências dirigidas aos familiares das vítimas, embora sem mencionarem Vladimir Putin ou o governo russo.

Quem esteve por trás do ataque?

Considerando o contexto atual, marcado pela guerra na Ucrânia que já dura desde fevereiro de 2022, as autoridades russas procuraram desde as primeiras horas estabelecer pontos de contacto entre o atentado e Kiev.

Contudo, tinham passado ainda poucas horas do ataque quando o autoproclamado Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado, através de um comunicado difundido pela agência informativa associada ao grupo terrorista e por grupos ligados ao Estado Islâmico no Telegram. No comunicado, o grupo anunciou que tinha atacado um “grande número de cristãos” em Moscovo.

O Estado Islâmico, organização com raízes no início da década de 2000, marcado pela invasão americana do Iraque, destacou-se internacionalmente a partir de 2014, quando proclamou um califado e levou a cabo um conjunto de atentados terroristas na Europa ocidental — incluindo os ataques de Paris, Bruxelas e Nice. A organização, que atuou a partir do Iraque e da Síria com células em vários países da Europa, anunciou a intenção de refundar um califado islâmico no Médio Oriente, Europa e Norte de África.

Após ter dominado territorialmente uma grande parte do norte do Iraque e da Síria em 2015, o Estado Islâmico foi praticamente derrotado por uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e outros países ocidentais. A partir de 2017, a organização já tinha sido expulsa da maioria do território que tinha ocupado. No entanto, terão sobrevivido algumas células adormecidas.

Concretamente, o atentado desta sexta-feira em Moscovo foi reivindicado por uma célula do Estado Islâmico que tem sido mencionada na imprensa internacional pela sigla inglesa “ISIS-K”.

Que célula do Estado Islâmico é esta?

Como o Observador escreveu este sábado, em causa está a célula do Estado Islâmico de Khorasan — daí o “K” que surge associado à sigla da organização. Trata-se de um ramo do Estado Islâmico com sede no Afeganistão. Khorasan é, aliás, o nome de uma região histórica que abrange partes dos atuais Irão, Turquemenistão e Afeganistão.

A célula, com uma reputação de grande violência, surgiu na zona leste do Afeganistão no final de 2014. Contudo, o grupo entrou em declínio a partir de 2018, quando sofreu um grande número de baixas em combates com os talibãs e com os Estados Unidos.

Desde a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão, em 2021, tornou-se mais difícil obter informações sobre os planos e as operações daquele grupo específico. Ainda assim, sabe-se que se trata de uma célula “obcecada” com a Rússia, vendo em Moscovo um “cúmplice em atividades que oprimem regularmente os muçulmanos”. Ao longo dos últimos dois anos, têm sido frequentes as críticas do ISIS-K a Vladimir Putin.

Que razões moveram os atacantes?

O primeiro comunicado, com o qual aquela célula do Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque, foi vago em detalhes. “Combatentes do Estado Islâmico atacaram uma grande concentração de cristãos na cidade de Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscovo, matando e ferindo centenas e causando grande destruição ao local, antes de regressarem em segurança às suas bases”, lia-se na nota distribuída através da agência Amaq, ligada ao Estado Islâmico.

No sábado, o Estado Islâmico divulgou um novo comunicado no qual foi mais longe e explicou não só alguns detalhes do ataque (foram usadas metralhadoras, uma pistola, facas e bombas incendiárias), como também que o ataque ocorreu “no contexto da normal guerra em curso” entre o Estado Islâmico e aqueles que são classificados como países anti-Islão.

A tensão entre o radicalismo islâmico e a Rússia não é, contudo, uma novidade. Como recorda Greg Barton, académico especializado em política islâmica global, num artigo publicado este domingo no The Conversation, o Estado Islâmico já fez vários atentados terroristas na Rússia entre 2016 e 2019 — e vários outros atentados foram impedidos a tempo entre 2021 e 2023.

Esta tensão remonta pelo menos ao conturbado período que se viveu no Afeganistão nas décadas de 1970 e 1980. Em 1973, um ex-primeiro-ministro afegão protagonizou um golpe de Estado e derrubou a monarquia, depondo o último Xá do Afeganistão e proclamando-se Presidente. Acabava ali uma histórica monarquia que se prolongava desde o século XVIII e que tinha tido formas diferentes, incluindo impérios, emirado e reino. O novo governo afegão começou por ter alguma ajuda da União Soviética, mas o crescente distanciamento de Moscovo abriu a porta a um novo golpe de Estado, a Revolução de Saur, protagonizada pelos comunistas.

Aquele foi um momento de grande ruptura cultural no Afeganistão, com a revolução comunista a prometer avanços nos direitos das mulheres, a acabar com práticas da lei islâmica como os casamentos forçados, a reforma agrária e a recusa da influência da religião na sociedade.

Essa ruptura, porém, não foi bem aceite entre uma parte significativa do povo afegão, sobretudo nas zonas mais rurais e entre as tribos pachtuns, que encaravam a revolução como uma afronta ao Islão. No contexto desta tensão, a União Soviética invadiu o Afeganistão para apoiar militarmente o governo comunista contra as milícias islâmicas que se começavam a formar. Foi neste contexto que surgiram os mujahideen, as milícias islâmicas financiadas que os EUA financiou para combaterem os soviéticos — e foi dentro deles que se destacou, por exemplo, o movimento talibã.

Em 1989, os soviéticos retiraram-se do Afeganistão, deixando o país mergulhado na guerra civil. No início da década de 1990, os talibãs conseguiriam vencer e chegar ao poder. Este histórico conflito entre Moscovo e o Islão ainda hoje alimenta a tensão do extremismo islâmico contra a Rússia. Mas não é a única razão. Como explica Greg Barton, a repressão russa de comunidades muçulmanas dentro da Rússia (nomeadamente em províncias do Cáucaso) e, acima de tudo, o apoio dado pela Rússia ao regime de Bashar al-Assad na Síria são razões invocadas pelos extremistas islâmicos para apontar Moscovo como um alvo para a jihad.

A célula “ISIS-K” tem sido especialmente ativa nesta frente de tensão com a Rússia. Muitos dos seus militantes são, na verdade, cidadãos russos ou de outros países da Ásia Central (antigas repúblicas soviéticas) — e foi este o grupo planeou vários ataques na Rússia. Um dos principais objetivos deste grupo, de acordo com a imprensa internacional, é o de criar um califado islâmico nos países da Ásia Central, como o Afeganistão, o Irão, o Paquistão, o Tajiquistão, o Turquemenistão e o Uzbequistão.

Havia indicações de que este ataque pudesse acontecer?

Sim. No início de março, foi notícia que as embaixadas de vários países ocidentais estavam a alertar os seus cidadãos para a possibilidade de atentados terroristas na Rússia nos dias seguintes. Os Estados Unidos alertavam mesmo que havia grupos extremistas com “planos iminentes para atacar” grandes multidões na Rússia e pediam aos seus cidadãos que evitassem grandes concentrações de pessoas.

Já depois do atentado, o The New York Times noticiou que, além do alerta genérico emitido publicamente para avisar os cidadãos, os Estados Unidos tinham cumprido o seu “dever de alerta” e avisado Moscovo das informações que tinham recolhido sobre a possibilidade de o ISIS-K estar a planear um ataque em Moscovo. Esses dados foram passados confidencialmente à Rússia através das agências de informações.

Contudo, Moscovo desvalorizou os alertas lançados pelo Ocidente relativamente à possibilidade de ataques na Rússia. Vladimir Putin falou mesmo numa “tentativa de assustar e fragilizar” a sociedade russa. E, já neste sábado, entre os mais próximos do Kremlin já circulava a ideia de que, se os Estados Unidos tinham lançado o alerta, isso seria uma indicação de que estavam envolvidos na organização do ataque.

E a Ucrânia não teve nada a ver com o ataque?

Desde o primeiro momento, o atentado terrorista em Moscovo foi lido no contexto da guerra na Ucrânia. Kiev, contudo, apressou-se a desmentir qualquer ligação ao atentado. Logo nas primeiras horas, Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou um vídeo garantindo que a Ucrânia não estava por trás do ataque.

Apesar disso, a Rússia procurou desde o princípio tentar implicar, ainda que indiretamente, a Ucrânia no atentado. O primeiro sinal dessa tentativa foi dado pelo próprio silêncio de Vladimir Putin. Mesmo depois de o Estado Islâmico ter reivindicado a autoria do atentado, Putin preferiu manter o silêncio, à exceção de uma breve mensagem de melhoras às vítimas hospitalizadas — um silêncio que foi interpretado no Ocidente como uma forma de Putin estudar a melhor maneira de associar a Ucrânia.

Ao mesmo tempo que Putin mantinha o silêncio, Moscovo começava a dar os primeiros sinais de que essa seria a estratégia. Logo na manhã de sábado, os serviços de informação da Rússia veicularam a informação de que dois dos detidos foram capturados pela polícia durante uma perseguição automóvel quando já se encontravam a dezenas de quilómetros de Moscovo, na direção da Ucrânia. Os serviços de informação afiançaram mesmo que os detidos estavam a tentar “passar para a Ucrânia”, porque tinham “contactos do lado ucraniano”.

Depois, foi a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, quem aproveitou para tentar colar o atentado terrorista à Ucrânia. “O mais importante é que as autoridades americanas não se esqueçam como o seu ambiente informativo e político associou os terroristas que mataram pessoas no Crocus City Hall à associação terrorista Estado Islâmico”, disse Zakharova numa mensagem que divulgou através do Telegram.

“Agora, sabemos em que país é que aqueles malditos bastardos planeavam esconder-se da perseguição: a Ucrânia”, disse ainda. “O mesmo país que, às mãos dos regimes liberais ocidentais, se transformou durante dez anos no epicentro da disseminação do terrorismo na Europa, ultrapassando até o Kosovo no extremismo.”

Kiev, contudo, reagiu a essas insinuações, com Andriy Yusov, alto responsável dos serviços de informação da Ucrânia, a rejeitar as acusações e a classificá-las como “mais uma mentira” russa. “A Ucrânia, obviamente, não esteve envolvida neste ataque terrorista. A Ucrânia está a defender a sua soberania dos invasores russos, a libertar o seu próprio território e a lutar contra o exército e os alvos militares do ocupante, não contra os civis.”

Ao início da tarde, Vladimir Putin quebrou finalmente o silêncio sobre o atentado para consolidar a versão oficial — e procurou imputar responsabilidades à Ucrânia. Segundo Putin, os atacantes “tentaram esconder-se e movimentaram-se na direção da Ucrânia, onde, de acordo com os primeiros dados, estaria preparada uma janela do lado ucraniano para eles passarem a fronteira”.

Em reação a este discurso, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou Putin como um “inútil” que foi incapaz de evitar o ataque. “Este inútil do Putin, em vez de lidar com os seus cidadãos russos, dirigindo-se a eles, permaneceu em silêncio durante um dia — a pensar em como trazer isto para a Ucrânia. Tudo é completamente previsível”, disse. “O que aconteceu ontem em Moscovo é óbvio: Putin e os outros vilões estão apenas a tentar colocar a culpa noutras pessoas.”

Este domingo, o governo britânico disse ter “pouca confiança” na tese de Vladimir Putin para explicar o ataque. Os Estados Unidos, no mesmo sentido, também já vincaram que não há qualquer indício de que a Ucrânia tenha estado envolvida na preparação do atentado.

O portal russo independente Meduza, por exemplo, já veio noticiar que os meios de comunicação russos, maioritariamente leais ao regime de Putin, receberam indicações da parte do governo para enfatizar a possível relação entre o atentado e a Ucrânia.

Por outro lado, há uma outra dúvida a ser levantada relativamente à tese do Kremlin: o facto de os suspeitos terem sido detidos em Bryansk parece indicar que o destino da fuga seria a Bielorrússia e não a Ucrânia. Aliás, o próprio embaixador bielorrusso em Moscovo disse que as forças bielorrussas tinham ajudado a impedir que os suspeitos fugissem para a Bielorrússia.

Que implicações pode ter o ataque na guerra na Ucrânia?

Este domingo, o The Washington Post fazia manchete com afirmação de que este atentado tinha exposto as fragilidades do regime de Vladimir Putin. Totalmente focado nos esforços de guerra na Ucrânia, que são a prioridade, Putin ignorou os alertas do Ocidente relativamente a um possível atentado, que acabou mesmo por acontecer.

Como escreveu um antigo correspondente do The New York Times em Moscovo, a Rússia foi incapaz de garantir a proteção dos seus cidadãos, naquilo que está a ser lido como uma falha dos serviços de informações da Rússia (ainda mais gritante tendo em conta os alertas que recebeu) — e o Kremlin usou o atentado para endurecer a retórica contra a Ucrânia. Em Kiev, há o receio de que este atentado possa servir para o Kremlin fazer escalar ainda mais a ofensiva militar contra a Ucrânia.

Logo na sexta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia publicou um comunicado a rejeitar “categoricamente” as acusações de envolvimento no ataque em Moscovo. “Consideramos que essas acusações são uma provocação planeada por parte do Kremlin para alimentar ainda mais a histeria anti-ucraniana na sociedade russa, para criar condições para aumentar a mobilização de cidadãos russos para participar na agressão criminosa contra o nosso país e para desacreditar a Ucrânia aos olhos da comunidade internacional”, diz o comunicado.

Kiev diz ainda que o regime russo tem “um longo historial de provocações sangrentas por parte dos serviços especiais” e acusa Putin de não ter “linhas vermelhas” para a sua ditadura. “[O regime de Putin] está preparado para matar os seus próprios cidadãos para atingir propósitos políticos, tal como matou milhares de civis ucranianos durante a guerra contra a Ucrânia, como resultado de disparos de mísseis, ataques de artilharia e tortura”, afirma ainda.

A Rússia já teve de lidar com terrorismo no seu passado recente?

Sim. Ao contrário do que sucedeu entre 2014 e 2016, quando uma vaga de atentados terroristas surpreendeu vários países da Europa ocidental, este tipo de ataques não é uma novidade na Rússia.

Além dos ataques do Estado Islâmico dos últimos anos, referidos na pergunta 4, o período mais negro do terrorismo em solo russo reporta-se ao tempo da Segunda Guerra da Chechénia, entre 1999 e 2000, e aos anos que se seguiram. A repressão russa ao separatismo checheno, que se instalou depois do fim da União Soviética, esteve no centro de um dos períodos mais violentos da história recente da Rússia.

Em 1999, mais de 300 pessoas morreram numa vaga de atentados contra apartamentos em várias cidades russas. Os ataques, atribuídos a separatistas chechenos, motivaram a Segunda Guerra da Chechénia, numa altura em que Vladimir Putin era primeiro-ministro da Rússia; aquele período, de resto, serviria para consolidar o poder de Putin. Na altura, foram levantadas suspeitas do alegado envolvimento do FSB, o serviço de segurança da Rússia, nos atentados.

Outro episódio que marcou a história recente da Rússia foi a crise de reféns no Teatro Dubrovka, em outubro de 2002. Um grupo de separatistas chechenos, armados, tomaram o controlo do teatro e fizeram mais de 800 reféns. O sequestro durou três dias e terminou com a morte de 170 pessoas. O ataque só terminou com a entrada das forças russas, depois de terem lançado um gás para o interior do teatro com o objetivo de adormecer quem lá estava dentro.

Em setembro de 2004, também no contexto do separatismo checheno, um grupo de indivíduos armados invadiu uma escola em Beslan, na Ossétia do Norte, e fez mais de um milhar de reféns. O ataque terminaria com a morte de mais de 300 pessoas, a maioria delas crianças. Este ataque também teve como efeito um endurecimento do exercício do poder na Rússia por parte de Putin, designadamente centralizando em Moscovo mais competências no controlo das várias regiões do país.