O governo queniano começou esta terça-feira a entregar os 429 corpos das vítimas do massacre de Shakahola, membros de um culto do juízo final que está no centro de um processo judicial que chocou o país, aos familiares das vítimas.
As autoridades estão a utilizar testes de ADN para ajudar a identificar os corpos e as suas famílias, pois as vítimas tinham sido obrigadas a queimar todos os seus documentos de identificação.
Os corpos exumados na zona de Shakahola, no subcondado de Malindi, no condado de Kilifi, mostram sinais de estrangulamento e de subnutrição, pois, alegadamente, o líder do culto denominado de Igreja Internacional da Boa Nova, Paul Mackenzie, pediu aos seus seguidores que jejuassem até à morte para “se encontrarem com Jesus”.
Paul Mackenzie está indiciado por vários crimes, nomeadamente homicídio, sendo que está acusado desde fevereiro, juntamente com os seus cúmplices, de torturar e matar 191 crianças.
Pastor queniano Paul Mackenzie acusado de homicídio involuntário
O julgamento começa em 23 de abril.
Segundo informou a Associated Press, as emoções estavam ao rubro na casa mortuária de Malindi quando as famílias recolheram os seus entes queridos para serem enterrados.
O ministro do Interior, Kithure Kindiki, categorizou a organização “Good News International Ministries”, de Mackenzie, como um grupo criminoso organizado.
Mackenzie está a cumprir uma pena de prisão de um ano, depois de ter sido considerado culpado de gerir um estúdio de cinema e de produzir filmes sem uma licença válida.
Alguns quenianos indignados questionaram como é que as autoridades não se aperceberam de nenhum sinal das mortes em massa que estavam a ocorrer.
A Comissão dos Direitos Humanos do Quénia afirmou, na semana passada, que a polícia não atuou em relação a relatórios que poderiam ter evitado as mortes na remota zona de Shakahola. Várias queixas tinham sido apresentadas nas esquadras da polícia por pessoas cujos familiares tinham entrado na zona florestal.