O pastor Paul Nthenge Mackenzie foi esta terça-feira acusado de homicídio involuntário por um tribunal de Mombaça, após a morte de 429 seguidores da sua seita evangélica no Quénia, a quem pregava o jejum até à morte.

O autoproclamado pastor e 94 réus, incluindo a sua mulher, responderam “inocente” aos 238 casos de “homicídio involuntário” de que são acusados, quando compareceram no tribunal, mais de nove meses após a descoberta dos primeiros corpos na floresta de Shakahola, na costa queniana, onde se reunia a Igreja Internacional da Boa Nova.

Os procuradores tinham anunciado, a 16 de janeiro, que pretendiam apresentar uma dezena de acusações neste caso, apelidado de “massacre de Shakahola”, que chocou o Quénia, país de religião predominantemente cristã.

Em 18 de janeiro, um tribunal de Mombaça acusou Paul Nthenge Mackenzie de “facilitar a prática de um ato terrorista”, “posse de um artigo relacionado com uma infração ao abrigo da Lei de Prevenção do Terrorismo”, “participação em atividades criminosas organizadas” e “radicalização”.

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Na véspera, um tribunal da cidade de Malindi tinha ordenado a realização de exames psiquiátricos ao pastor e a 30 coarguidos, antes de examinar as acusações de homicídio. A audiência está marcada para 6 de fevereiro.

Os suspeitos deverão também comparecer na quinta-feira para serem eventualmente acusados de crimes contra crianças, incluindo “submeter uma criança a tortura”, “crueldade para com uma criança” e “violar o direito de uma criança à educação”.

Motorista de táxi antes de se proclamar pastor, Paul Nthenge Mackenzie está detido desde 14 de abril de 2023, um dia depois de terem sido descobertas as primeiras vítimas em Shakahola.

As buscas feitas nesta vasta zona de mato exumaram 429 corpos, tendo as mortes ocorrido ao longo de vários anos.

As autópsias revelaram que a maioria das vítimas morreu de fome, provavelmente depois de terem seguido a pregação de Paul Nthenge Mackenzie, que defendia o jejum até à morte para “encontrar Jesus” antes do fim do mundo, que previa para agosto de 2023.

Algumas das vítimas, incluindo crianças, foram estranguladas, espancadas ou sufocadas.

Mackenzie está a cumprir uma sentença separada de um ano de prisão depois de ter sido considerado culpado de operar um estúdio de cinema e produzir filmes para a sua pregação sem uma licença válida.