A China rejeitou esta terça-feira as acusações dos Estados Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia de que está por detrás de ataques informáticos contra as suas instituições públicas e afirmou ter “protestado veementemente junto das partes envolvidas”.
Pequim “protestou veementemente junto dos Estados Unidos e das partes envolvidas e vai tomar todas as medidas necessárias para salvaguardar os seus direitos e interesses legítimos”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Washington “uniu forças com o Reino Unido para ridicularizar os chamados ataques informáticos chineses”, acusou.
Em raras acusações públicas e pormenorizadas que apontam o dedo a Pequim, os três governos denunciaram uma série de ataques informáticos nos últimos anos, num aparente esforço concertado para responsabilizar a China.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou sete chineses de uma “prolífica operação global de pirataria informática” que durou 14 anos e que visava contribuir para os “objetivos de espionagem económica e de informação externa” de Pequim.
A operação envolveu o envio de mais de 10.000 mensagens de correio eletrónico dirigidas a empresas, políticos, candidatos a eleições e jornalistas que trabalham nos Estados Unidos e no estrangeiro, declarou na segunda-feira a procuradora-geral adjunta Lisa Monaco.
De acordo com Washington, um grupo chamado APT31 está por detrás deste “programa de espionagem cibernética”, que terá sido dirigido pelo poderoso Ministério da Segurança do Estado da China a partir da cidade central de Wuhan.
Os piratas informáticos obtiveram acesso a “contas de correio eletrónico, contas de armazenamento na nuvem e registos de chamadas telefónicas”, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
O vice-primeiro-ministro britânico Oliver Dowden anunciou também perante o Parlamento em Londres que “atores afiliados ao Estado chinês” tinham cometido “dois ciberataques maliciosos” em 2020 e 2021.
Ele denunciou ataques cibernéticos contra deputados críticos de Pequim e contra a Comissão Eleitoral do Reino Unido.
“Esta é a mais recente de uma série de atividades hostis da China, incluindo o ataque a instituições democráticas e parlamentares no Reino Unido e noutros países”, afirmou, uma vez que Londres deve realizar eleições gerais dentro de alguns meses.
O ataque à Comissão Eleitoral permitiu o acesso a servidores que continham, entre outras coisas, cópias dos registos eleitorais com os dados de 40 milhões de eleitores, de acordo com órgãos de comunicação britânicos.
Segundo Dowden, este ataque informático não terá qualquer impacto nas próximas eleições.
No entanto, o embaixador chinês será convocado e dois indivíduos e a sua organização serão igualmente alvo de sanções pelo seu “envolvimento em atividades cibernéticas maliciosas” no Reino Unido e noutras partes do mundo.
São eles Zhao Guangzong e Ni Gaobin, ambos membros da organização APT31, também sancionada pelos Estados Unidos.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que o Reino Unido fará “tudo o que for necessário” para garantir a sua segurança e proteger-se face ao “desafio histórico” colocado por uma China “cada vez mais assertiva”.