O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu “respeitar a decisão da nação” nas eleições municipais de domingo, cujos resultados parciais representam uma derrota para o seu partido.

“Não desrespeitaremos a decisão da nossa nação, evitaremos sermos teimosos, agir contra a vontade nacional e de colocar em questão o poder da nação”, afirmou Erdogan aos jornalistas, na sede da sua força partidária, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), em Ancara, citado pela agência France Presse (AFP).

Erdogan admitiu que os resultados parciais das eleições, que dão o partido da oposição na liderança de várias autarquias, constituem um ponto de viragem. “Infelizmente não obtivemos os resultados que queríamos“, assumiu.

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O principal partido da oposição turca, Partido Republicano Popular (CHP, na sigla em turco), reivindicou uma vitória “histórica”, depois de derrotar o AKP nas principais cidades do país, de acordo com os resultados oficiais, ainda parciais, das eleições autárquicas desta segunda-feira. Com os resultados apurados em 81,91% das urnas, o CHP conseguiu 37,13% dos votos, e o AKP 36,02%, e impõem-se nas principais cidades do país, como Istambul, Ancara e Esmirna.

Em Ancara, a capital do país, o atual presidente da câmara, Mansur Yavas, já reivindicou a vitória nas eleições desta segunda-feira, perante uma multidão festiva, constatou a AFP no local. “As eleições terminaram, continuaremos a servir Ancara e os seis milhões de habitantes, sem discriminação”, prometeu o governante, eleito pelo CHP.

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O presidente cessante da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, também do CHP, já anunciou a sua reeleição. “Estamos em primeiro lugar, com um avanço de mais de um milhão de votos (…). Ganhámos a eleição”, afirmou aos jornalistas.

O mapa autárquico alterou-se nas últimas décadas na Turquia, com o AKP (conservador islâmico) a dominar o centro e norte do país, enquanto o principal rival — CHP (social-democrata) — prevalece na parte ocidental e mediterrânica.

Nas últimas eleições municipais, em 2019, o AKP venceu em 740 municípios face aos 240 do seu rival, mas as vitórias decisivas centram-se nas zonas com maior população e peso económico, assinala a agência noticiosa espanhola EFE.

A conquista das câmaras municipais de Istambul e Ancara pelo CHP em 2019 significou um duro revés para Erdogan, que centrou o seu discurso político na reconquista de Istambul.

Em declarações no passado dia 8 de março, Erdogan admitiu pela primeira vez o fim do seu poder ao assegurar que as municipais de 31 de março seriam as suas últimas eleições.

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Com 16 milhões de habitantes, Istambul é o motor financeiro, social e cultural da Turquia, para além de possuir um valor simbólico: entre 1994 e 1994 Erdogan foi presidente da câmara municipal e foi nesta grande metrópole que iniciou a sua carreira política, num mandato algo turbulento.

Cerca de 61,4 milhões de eleitores foram chamados às urnas nas 81 províncias da Turquia, das quais 30 são classificadas como “macro-urbanas”, o que significa que o presidente da câmara da capital da província governa os destinos de toda a província, o que lhe confere grande relevância política.