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Rúben, um verdadeiro pai que conhece a família como ninguém (a crónica do Benfica-Sporting)

Este artigo tem mais de 6 meses

Sporting sofreu muito na primeira parte e Amorim ganhou o jogo com três substituições que tudo mudaram ao intervalo. No fim, leões empataram com o Benfica e estão na final da Taça (2-2, 3-4).

Todos os quatro golos do dérbi foram marcados na segunda parte
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Todos os quatro golos do dérbi foram marcados na segunda parte

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Todos os quatro golos do dérbi foram marcados na segunda parte

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Era o início de uma semana crucial para o destino da temporada. Em poucos dias, Benfica e Sporting defrontavam-se na Luz e em Alvalade, para a Taça de Portugal e para o Campeonato, e não só decidiam quem estará presente na final do Jamor como definiam quem fica na liderança isolada da Liga a pouco mais de um mês do fim da época. E tudo começava esta terça-feira.

Cerca de um mês depois da primeira mão, onde o Sporting venceu o Benfica pela margem mínima em Alvalade, encarnados e leões voltavam a cruzar-se do outro lado da Segunda Circular e discutiam quem fará companhia a FC Porto ou V. Guimarães na final da Taça. De um lado, Roger Schmidt procurava manter a equipa em praticamente todas as frentes, garantindo a primeira final da temporada e continuando atrás do Campeonato e em competição na Liga Europa; do outro, Rúben Amorim procurava manter a equipa na corrida pela dobradinha, depois de já ter sido eliminada da Liga Europa, perseguindo o sucesso interno.

Ficha de jogo

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Benfica-Sporting, (2-2, 3-4 no conjunto das duas mãos)

Meia-final da Taça de Portugal

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Benfica: Trubin, Alexander Bah, Otamendi, António Silva, Fredrik Aursnes, João Neves, Florentino (João Mário, 90′), Di María, Rafa, David Neres (Tiago Gouveia, 85′), Tengstedt (Marcos Leonardo, 79′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Álvaro Carreras, Morato, Arthur Cabral, Kökçü, Tomás Araújo

Treinador: Roger Schmidt

Sporting: Franco Israel, Diomande (Jeremiah St. Juste, 45′), Coates, Gonçalo Inácio, Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 45′), Hjulmand, Daniel Bragança (Morita, 66′), Nuno Santos (Matheus Reis, 45′), Trincão, Gyökeres, Paulinho (Marcus Edwards, 85′)

Suplentes não utilizados: Diogo Pinto, Luís Neto, Eduardo Quaresma, Koba Koindredi

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Hjulmand (47′), Otamendi (53′), Paulinho (55′), Rafa (64′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Di María (45+3′), a Gonçalo Inácio (49′), a Morita (72′), a Franco Israel (77′), a Marcus Edwards (90+2′)

“Quanto mais perto do final da época mais decisivos são os jogos, especialmente na Liga, mas claro que também na Taça. A dada altura da época, ou vais à final ou não vais. Claro que na Taça é uma decisão e no Campeonato só restam sete jornadas e também é claro. Se lutas pelo título torna-se cada vez mais decisivo. Mas o nosso foco completo está agora na Taça de Portugal. Temos muita motivação para vencer este jogo. É este o nosso cenário e a melhor mentalidade é estar preparado para cada jogo”, disse o treinador encarnado na antevisão.

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“O resultado da primeira mão não terá influência antes do jogo. Poderá ter depois. Temos de saber lidar com a eliminatória. O jogo tem de ser preparado para vencer e nesse aspeto não terá influência. A nossa forma de jogar é clara, as ideias também, e o que dificulta mais a preparação são as características dos jogadores que vamos enfrentar. O Benfica tem trocado as características dos avançados, se joga o João Mário, o Rafa, o Neres, se depois joga o Florentino ou um médio mais de criação. Isso dificulta a preparação, mas sabemos da importância do jogo e queremos muito estar na final”, indicou o técnico leonino.

Neste contexto, Schmidt não surpreendia e mantinha a matriz da equipa que tem sido mais regular, com Florentino a fazer companhia a João Neves no meio-campo e Neres, Rafa e Di María a surgirem no ataque a apoiar Tengstedt, que era opção ao invés de Arthur Cabral. Já Amorim tinha Gonçalo Inácio e Coates de volta ao trio de centrais, com Nuno Santos na esquerda e Esgaio na direita, e deixava Morita no banco para lançar Bragança com Hjulmand no setor intermédio.

O Sporting começou ligeiramente melhor, aplicando uma pressão alta que obrigava o Benfica a recuar muito e a ter dificuldades para sair de forma apoiada, levando Trubin a bater a bola diretamente na frente em diversas ocasiões. Ainda assim, apesar desses cinco minutos iniciais de ascendente, os leões não conseguiram propriamente ficar perto do golo e só criaram perigo na sequência de um canto e com o guarda-redes encarnado a evitar um desvio de Hjulmand que seria fatal (7′).

A partir desse momento, porém, o Benfica pegou no jogo. Os encarnados ficaram muito perto de abrir o marcador com duas oportunidades consecutivas, sendo que Rafa começou por atirar ao lado (9′) e depois até marcou (10′), mas o lance foi anulado por fora de jogo de Bah. Tengstedt acertou na trave após assistência de Di María (16′) e o Sporting afundou por completo, cometendo vários erros defensivos e de construção e permitindo prolongados períodos de posse de bola do adversário que culminavam quase sempre em aproximações à baliza.

Israel foi absolutamente crucial nesta fase, com uma enorme defesa que evitou o golo de Di María (20′), e os leões não conseguiam reagir. Trincão era o mais inconformado e ainda teve um remate de fora de área que Trubin encaixou (28′), mas Gyökeres e Paulinho estavam demasiado desaparecidos para que a equipa de Rúben Amorim conseguisse ameaçar a baliza encarnada. O jogo perdeu alguma qualidade a partir da meia-hora, ainda que o Benfica nunca tivesse perdido o controlo das ocorrências e um claro ascendente, e o dérbi chegou mesmo ao intervalo ainda empatado sem golos.

No fim da primeira parte, ao contrário do que tinha acontecido na primeira mão onde o Sporting dominou por completo até ao intervalo, o Benfica estava melhor no jogo e já poderia ter marcado por mais do que uma vez. Os encarnados iam sendo vítimas da própria falta de eficácia, assim como da noite inspirada de Israel, enquanto que os leões não conseguiam disfarçar uma passividade a que o empate até atribuía alguma lisonja.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Sporting:]

Rúben Amorim mexeu logo no início da segunda parte, lançando Matheus Reis, St. Juste e Geny Catamo de uma vez, e o Sporting mostrou desde logo que não queria repetir os erros do primeiro tempo com um remate do moçambicano que Trubin encaixou (46′). No minuto seguinte, aproveitando uma entrada lenta e em falso do Benfica, os leões não deixaram fugir a oportunidade: Catamo soltou Gyökeres na direita e o sueco assistiu Hjulmand, que completamente sozinho e à entrada da grande área atirou de primeira para abrir o marcador (47′).

A reação do Benfica, porém, foi quase imediata. Os encarnados subiram as linhas e conseguiram empatar ao fim de poucos minutos: Neres aproveitou a ressaca de um canto, bailou sobre Hjulmand e cruzou para o poste mais distante, onde Otamendi surgiu a cabecear (53′). Dois minutos, contudo, o dérbi mostrou que estava mais do que vivo. Catamo voltou a desequilibrar na direita e rematou cruzado, com Paulinho a aproveitar a defesa incompleta de Trubin para desviar para a baliza e recuperar a vantagem do Sporting (55′).

O jogo nunca chegou propriamente a acalmar e Gyökeres ficou muito perto de marcar na sequência de um lance inacreditável em que passou por vários adversários na raça e acertou no poste de fora de área (63′). Logo depois, porém, tudo voltou a ser relançado: Neres combinou com Bah e o dinamarquês cruzou rasteiro para o desvio de Rafa ao segundo poste (64′). Em reação imediata, Rúben Amorim tirou Bragança e lançou Morita.

A intensidade manteve-se, ainda que o Sporting procurasse controlar a posse de bola e colocar muito gelo no jogo, e o Benfica não parava de correr atrás do golo que garantia o prolongamento. Israel voltou a ser fulcral com uma enorme defesa depois de um remate de fora de área de Di María (72′) e e Schmidt só mexeu à entrada para os últimos 10 minutos, lançando Marcos Leonardo e Tiago Gouveia para colocar João Mário já à beira dos descontos.

Até ao fim, porém, já nada mudou. Benfica e Sporting empataram na Luz e os leões estão na final da Taça de Portugal no conjunto das duas mãos e graças à vitória de Alvalade, ficando agora à espera de FC Porto ou V. Guimarães. Num dia em que viu o Sporting sofrer muito na primeira parte, Gyökeres a não fazer a diferença e a equipa a ter muitas dificuldades, Rúben Amorim chegou ao Jamor com as três substituições que fez ao intervalo: Geny Catamo desequilibrou muito mais do que Esgaio e esteve nos dois golos, St. Juste estabilizou o lado direito da defesa e esteve melhor do que Diomande e Matheus Reis esteve sempre muito certinho na esquerda.

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