O líder supremo do Irão, o “ayatollah” Ali Khamenei, frisou esta quarta-feira que as mulheres iranianas devem obedecer e cobrir os cabelos com um véu islâmico, algo que muitas deixaram de fazer após a morte de Mahsa Amini.
“O véu é uma regra absoluta da “sharia” [lei islâmica] e é obrigatório que as mulheres cubram tudo, exceto o rosto e as mãos”, referiu Khamenei, numa reunião com autoridades em Teerão.
“As nossas mulheres são religiosas e devem obedecer”, sublinhou.
Khamenei lembrou que no Irão existe legislação que impõe o uso do “hijab” [véu islâmico] e que as leis são obrigatórias para todos os cidadãos.
Muitas mulheres iranianas deixaram de utilizar o véu islâmico obrigatório como forma de protesto e desobediência civil desde a morte de Amini, após esta ter sido detida pela polícia da moralidade em setembro de 2022, incidente que desencadeou um protesto sem precedentes – e violentamente reprimido – no Irão e o nascimento do movimento Mulher, Vida, Liberdade.
Protestos continuam nas ruas do Irão apesar do aumento da repressão
A forte repressão aos protestos causaram pelo menos 500 mortes e milhares de detenções, sendo que oito manifestantes foram executados, um destes em público.
O líder supremo do Irão apontou ainda que o “desafio” contra o véu foi incentivado por estrangeiros, acusação que as autoridades do país já fizeram no passado.
“Este caso foi provocado desde fora do país e algumas pessoas ajudaram de dentro. As nossas mulheres sábias deveriam prestar atenção a este ponto”, realçou.
Desde a repressão aos protestos as autoridades iranianas tentaram reimpor o uso do véu com vários métodos de coerção, mas não conseguiram completamente.
A Amnistia Internacional (AI) denunciou no início de março que as autoridades iranianas estão a levar a cabo uma campanha massiva de repressão contra as mulheres que não usam o véu, com o confisco de milhares de veículos, penas de prisão e até chicotadas.