O Ministério da Saúde só vai iniciar as reuniões com os representantes dos vários profissionais do setor  depois da apresentação do programa de governo, apurou o Observador. O documento será alvo de discussão na Assembleia da República nos dias 10 e 11 de abril e tanto as ordens profissionais como os sindicatos e outras associações só serão recebidos pela nova equipa do Ministério da Saúde depois da discussão do programa do governo da Aliança Democrática e da votação à já anunciada moção de rejeição do PCP — que, a ser aprovada (o que é pouco provável) implicaria a queda imediata do novo executivo de Luís Montenegro.

Até agora, ficaram sem resposta os pedidos de reunião enviados pelos vários interlocutores do setor ao longo dos últimos dias. “A informação que temos é que a reunião será marcada apenas após apresentação do programa de governo”, diz ao Observador o recém-eleito secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Nuno Rodrigues. Fonte oficial da Federação Nacional dos Médicos confirma também que o pedido de reunião feito por aquela estrutura sindical ainda não foi aceite. Do lado dos enfermeiros, o cenário é o mesmo. O pedido de reunião foi feito por cinco sindicatos (Sindicato de Enfermeiros, Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos e Sindicato Nacional dos Enfermeiros — que se juntaram numa frente conjunta). Fonte oficial do Sindicato dos Enfermeiros confirma que já seguiram dois pedidos, que, até agora ficaram sem resposta.

Também as Ordens Profissionais — que, enviaram este domingo ao primeiro-ministro uma espécie de caderno de encargos para o setor — aguardam a calendarização das reuniões com o Ministério da Saúde. O bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Barreira, adianta que foi pedida uma reunião logo após a tomada de posse de Ana Paula Martins, no início do mês, mas o pedido continua sem resposta.

Ordens enviam “caderno de encargos” a Luís Montenegro no Dia Mundial da Saúde

Um cenário que se repete com a Ordem dos Farmacêuticos (que a atual ministra liderou durante seis anos), confirmou ao Observador o atual bastonário, Helder Mota Filipe. Já fonte oficial da Ordem dos Psicólogos revela que foi pedida uma reunião, mas a entidade não recebeu qualquer resposta. Também a Ordem dos Médicos confirma que não existe ainda qualquer reunião marcada. Fonte oficial da Ordem dos Nutricionistas (liderada agora por Liliana Sousa) adianta que foi pedida uma reunião logo no dia da tomada de posse da nova ministra, mas ainda não foi remetida qualquer resposta.

Também os administradores hospitalares pediram uma reunião a Ana Paula Martins logo a 2 de abril, mas ainda não obtiveram qualquer resposta. Ao Observador, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares critica o facto de o programa de governo na área da saúde estar a ser preparado sem ouvir os vários players. “A situação da nossa carreira é ilegal e inaceitável. Há pessoas a trabalhar há 20 anos sem um sistema de avaliação de desempenho, é absurdo. Vamos insistir em pontos como o modelo de governação (autonomia hospitalar); o acesso ou a inclusão de novos intervenientes na prestação de cuidados”, sublinha Xavier Barreto.

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