Mais de 3,4 milhões de pessoas necessitam “urgentemente” de uma resposta humanitária no Chade, segundo a organização Ação Contra a Fome (ACF), devido ao afluxo maciço de refugiados que fogem da guerra no Sudão e ao “subfinanciamento”.

“Cerca de 3,4 milhões de pessoas encontram-se atualmente numa situação crítica de insegurança alimentar no Chade (…). As províncias de acolhimento no leste do Chade estão entre as zonas mais vulneráveis do país, com fraco acesso aos serviços básicos, e a chegada de refugiados está a agravar drasticamente as necessidades”, escreveu a ONG num comunicado de imprensa.

O Chade, um dos países mais pobres do mundo, alberga cerca de 1,4 milhões de pessoas deslocadas internamente, ou refugiadas, em consequência de conflitos no interior do país e entre os seus vizinhos.

De acordo com a ONU, antes do início de uma nova guerra civil no Sudão, em meados de abril de 2023, o Chade já albergava mais de 400.000 refugiados que fugiram da guerra que devastou o Darfur entre 2003 e 2020. Atualmente, são quase 900.000, 88% dos quais mulheres e crianças.

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A ACF alerta que “o número de casos de desnutrição aguda grave previsto, entre outubro de 2023 e setembro de 2024, é de 480.000 crianças”, um aumento de 15%.

Em novembro de 2023, a Organização Não-Governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras já estava preocupada com o facto de a taxa de desnutrição aguda grave entre as crianças refugiadas sudanesas em alguns campos de refugiados ter atingido 4,8%, “o dobro do limiar de emergência determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”.

Segundo Henri-Noël Tatangang, diretor da ACF para o Chade, “é urgente que os doadores garantam um financiamento sustentável para a resposta humanitária”, estimando que o financiamento do plano de resposta se situa atualmente em “apenas 4,5%”.

A ONG receia que a situação humanitária se agrave com “a chegada da estação das chuvas e da estação das vacas magras”, o que “aumentará as necessidades e, ao mesmo tempo, tornará muito mais difícil o acesso às populações vulneráveis em todo o país”.

Em meados de fevereiro, o Presidente de transição, Mahamat Idriss Déby Itno, declarou o “estado de emergência alimentar e nutricional” no vasto Estado centro-africano, sem no entanto especificar as ações a empreender ou as populações afetadas.

No mês seguinte, o Programa Alimentar Mundial, da ONU anunciou a suspensão da ajuda alimentar para o mês de abril “devido a restrições financeiras” e lançou um apelo aos doadores para evitar “uma catástrofe total”.