Luís Montenegro continua sem assumir qualquer erro de comunicação ou perceção relativamente ao valor da redução do IRS. Em Madrid, onde fez a primeira visita ao estrangeiro e ao lado de Pedro Sánchez, atirou aos que criticam a forma como comunicou a medida: “Quero dizer aos portugueses que não vamos governar a pensar na abertura dos telejornais, nem nas páginas dos jornais do dia seguinte. Nem vamos governar a reboque daquilo que, com muita propriedade e muito legitimidade, se diz ou comenta na praça pública.”

Luís Montenegro já tinha tentado, num primeiro momento, fugir à questão dizendo que “naturalmente não é nem o local nem o momento para aprofundar esse tema”. E deu uma resposta mais genérica, ao dizer que queria “transmitir ao povo português” que “não há nem verdade nem lealdade maior de um Governo que não seja cumprir aquilo a que se propôs na campanha eleitoral. E é nisso que o Governo português está absolutamente focado.” Montenegro seguia aqui a linha do comunicado do Conselho de Ministros e da conferência de imprensa do líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que defenderam que não houve empolamento do valor porque a medida é a mesma que estava no programa eleitoral.

O primeiro-ministro promete assim”empreender toda a energia nas promessas e propostas lançadas na última campanha” e diz que está focado em “cumprir a palavra, o compromisso, o contrato que estabeleceu com o povo português na última campanha eleitoral e que teve como desfecho uma vitória eleitoral e a formação deste governo.”

Quanto ao valor que é de facto reduzido pelo Governo — se são 173 ou mais de 200 milhões — Luís Montenegro não quis esclarecer o valor, remetendo para mais tarde. “A medida de desagravamento fiscal que apresentámos na semana passada no Parlamento português será agora alvo de uma decisão no Conselho Ministros como foi anunciado e será depois aprofundado em detalhe todo o seu alcance. Mas os portugueses podem estar tranquilos a isto: cumpriremos as nossas promessas de política e de postura.”