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O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou esta sexta-feira que Moscovo, após falar com Teerão, transmitiu a Israel que o Irão não quer uma escalada do conflito.
“Houve contactos telefónicos entre os líderes da Rússia e do Irão, entre os nossos representantes e os israelitas. Deixámos muito claro nestas conversas, e transmitimos aos israelitas, que o Irão não quer uma escalada”, declarou o chefe da diplomacia russa numa entrevista a três estações de rádio russas.
Lavrov explicou que Teerão não podia deixar sem resposta o ataque ao seu consulado em Damasco, Síria, mas não deseja uma escalada. “Praticamente todos os especialistas avaliaram a resposta do Irão da mesma forma”, acrescentou.
O MNE russo referia-se ao ataque iraniano de sábado passado a Israel, com cerca de 300 mísseis e drones (aeronaves não-tripuladas), 99% dos quais foram intercetados pela defesa antiaérea do país, segundo as autoridades israelitas. “Tendo tudo em consideração, espero não estar enganado: esta foi a retaliação à resposta [iraniana] levada a cabo por Israel contra Isfahan (Irão)”, disse Lavrov.
Segundo a comunicação social norte-americana, Israel lançou na madrugada desta sexta-feira vários mísseis contra a província iraniana de Isfahan. Mas o Irão negou o ataque: primeiro, disse que a defesa antiaérea tinha derrubado vários ‘drones’ e, depois, que tinham sido “vários objetos voadores” em Isfahan, onde se situam as instalações nucleares do país.
Entretanto, fontes anónimas citadas pelo diário Jerusalem Post afirmaram que o ataque desta sexta-feira deve ser interpretado como um aviso a Teerão sobre as capacidades ofensivas israelitas e como um sinal de que Israel não pretende uma guerra regional.
“A mensagem [do ataque] é inequívoca: ‘Desta vez, decidimos não atacar as vossas instalações nucleares, mas podia ter sido pior'”, sustentaram as fontes do jornal israelita.
Lavrov insistiu esta sexta-feira que o Irão não tem armas nucleares, o que — afirmou — foi verificado pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).
Na sua opinião, todas as especulações acerca de mudanças na doutrina nuclear do Irão não passam de um desejo de desviar as atenções da operação de Israel na Faixa de Gaza para as alegadas ameaças iranianas.
Na mesma entrevista às rádios russas, o ministro dos Negócios Estrangeiros negou que França tenha convidado a Rússia para o 80.º aniversário do desembarque na Normandia (6 de Junho de 1944), depois de os organizadores terem indicado que tinham enviado um convite à embaixada russa em Paris, mas não ao Presidente russo, Vladimir Putin.
“Não nos convidaram”, afirmou categoricamente Lavrov, acrescentando tratar-se de “uma forma peculiar” de comportamento do Ocidente. “Eles, quando querem fazer alguma coisa, não conseguem fazê-la nos limites da decência. Porque as pessoas decentes enviam uma carta e depois anunciam-no. Mas aqui, dizem ‘vamos convidá-los, sim, mas não a Putin, convidaremos alguém'”, comentou.
Embora a União Soviética não tenha participado no desembarque na Normandia, primeiro ela e, depois, os países herdeiros têm sido regularmente convidados para assinalar o acontecimento, devido ao elevado preço que pagaram durante a Segunda Guerra Mundial, com quase 27 milhões de mortos civis e militares.