Após o anúncio de restrição das primárias do Livre e de um recuo por não terem sido apuradas condutas de vício ao processo eleitoral interno, Francisco Paupério, o candidato no centro da polémica, foi eleito cabeça de lista do Livre às Europeias de 9 de junho. Obteve 5667,75 pontos na segunda volta da votação que contou com a participação de filiados no partido e membros externos que se inscreveram previamente para participar na escolha.

A número dois da lista do Livre às Europeias é Filipa Pinto, com 3777,2 pontos. Internamente, era a candidata mais apoiada pela direção partido. É seguida por Carlos M.G.L. Teixeira, Mafalda Dâmaso, Tomás Cardoso Pereira e Inês Pires. Os resultados divulgados pelo partido foram ordenados em razão da regra da paridade, utilizada em todas as primárias do Livre.

Francisco Paupério tem 28 anos, é natural de Leça da Palmeira, e formado em Biologia, com especialização em bioinformática, pelas Faculdades de Ciências das Universidades do Porto e Lisboa. Atualmente, é membro da Assembleia do Livre e relator do CT Europa, bem como embaixador do Pacto Europeu para o Clima em Portugal. Apresentou-se como “candidato a candidato” do Livre há um ano e desde então tem feito uma intensa campanha dentro e fora do partido com o objetivo de ser candidato a um lugar no Parlamento Europeu.

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Esta eleição ficou envolta em polémica, esta terça-feira, quando os inscritos no colégio eleitoral no processo de primárias do Livre para as Eleições Europeias foram notificados de que, na segunda volta — em que seriam votados os seis candidatos apurados até agora — apenas poderão participar na eleição membros e apoiantes do partido. A decisão acabou por ser revertida um dia depois, após a Comissão de Ética e Arbitragem do Livre ter entendido que “não foram apuradas quaisquer condutas concretas que traduzam uma viciação do processo eleitoral” nas Primárias para as Eleições Europeias, ao contrário do argumento que a Comissão Eleitoral tinha utilizado para vedar o direito ao voto de membros externos.

Parabenizações contidas ao vencedor e um resultado alternativo se só tivessem votado filiados no partido

Rui Tavares reagiu no X, antigo Twitter, ao mesmo tempo que partilhou a publicação do partido que apresenta não um, mas dois cabeças de lista: Francisco Paupério e Filipa Pinto. “Nas primárias do Livre, o objetivo é ordenar listas e construir equipa. E é esta equipa que agora vai trabalhar em conjunto para levar a estas eleições as ideias do único partido da esquerda verde europeísta em Portugal”, escreveu o porta-voz do partido, sem parabenizar o vencedor e deixando uma mensagem clara ao modo como o candidato mais votado foi eleito — com vários votantes a votar apenas o seu nome, sem ordenar a restante lista que se irá apresentar às Europeias.

De acordo com dados partilhados pelo Livre, isolando os votos dos filiados e não filiados, os resultados são distintos. Se tivessem sido contabilizados apenas os votos de membros e apoiantes, mudança que o partido quis implementar da primeira para a segunda volta, Filipa Pinto teria sido a vencedora, seguida por Carlos M.G.L. Teixeira e com Francisco Paupério a surgir apenas em terceiro lugar.

O vencedor angariou a maioria dos votos, convertidos em pontos — 3324.65 de um total de 5667,75 — junto dos votantes inscritos que não são filiados no partido. Ao Observador, Paupério diz-se “satisfeito com o resultado na segunda volta e com o reforço de votos internos e externos”. “Para oficializar só falta a aprovação da lista candidata às Europeias por parte da Assembleia do Livre que vai acontecer no dia 28. Será uma honra poder encabeçar a lista do Livre às Europeias e conto com todos os militantes e simpatizantes do partido para se unirem em redor da campanha”, acrescenta, garantindo que é tempo de levar a “mensagem feminista, ecologista e de esquerda europeísta até Estrasburgo e Bruxelas”.

Em declarações ao Observador, Paulo Muacho, dirigente do Livre e deputado à Assembleia da República, reagiu aos resultados das primárias, apontado que os “candidatos estão escolhidos”, sem deixar uma nota clara de parabenização a Francisco Paupério. Admite que houve “problemas durante o processo”, mas não tem dúvidas que os órgãos internos do Livre funcionaram. “Agora temos a nossa lista escolhida com excelentes candidatos e candidatas que mostram também as várias perspetivas dentro do Livre e dentro daquilo que é o nosso campo político”, assinala ainda, destacando “alguns nomes mais da Ecologia, outros mais das questões sociais, da Educação e do Feminismo”.

“O colégio eleitoral manifestou a sua vontade e respeito a vontade e dou os parabéns ao vencedor”, afirma ao Observador Filipa Pinto, a número dois do Livre às Europeias de 9 de junho e designada pelo partido como uma de dois cabeças de lista. Deixa um voto de agradecimento a todos os candidatos e faz questão de destacar as “duas mulheres que fizeram parte do grupo de finalistas, Inês Pires e Mafalda Dâmaso”.

“Como candidata tenho apenas de respeitar a decisão dos órgãos, neste caso a Comissão Eleitoral tomou a medida que entendeu ser necessária e depois o Conselho de Ética não lhe deu razão. É a democracia interna a funcionar”, acrescenta, garantindo que “o partido continua focado na intenção de eleger para os partidos Verdes Europeus”. Filipa Pinto entende que a “campanha decorrerá com naturalidade e empenho de toda a gente”, com o objetivo de “eleger deputados e deputadas” para o Parlamento Europeu.

Artigo atualizado às 16:01 com as reações de Paulo Muacho e Filipa Pinto aos resultados das primárias do Livre e à 01:39 com reação de Rui Tavares e de Francisco Paupério.