O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, instou nesta sexta-feira a comunidade internacional a pressionar a Rússia para que devolva a central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, advertindo contra uma nova catástrofe como a de Chernobyl, há quase quatro décadas.

“A central nuclear de Chernobyl esteve ocupada durante 35 dias. Os soldados russos saquearam os laboratórios, capturaram os guardas e maltrataram o pessoal, utilizando-os para lançar novas hostilidades”, afirmou Zelensky, num discurso proferido no 38.º aniversário da catástrofe nuclear (1986), nesta sexta-feira assinalado.

A radiação não conhece fronteiras e não faz distinção entre bandeiras nacionais. A catástrofe de Chernobyl mostrou ao mundo a rapidez com que as ameaças mortais podem surgir”, disse Zelensky, que reconheceu o trabalho de “dezenas de milhares de pessoas” para impedir essas “terríveis consequências”.

O Presidente ucraniano procurou estabelecer um paralelo entre esse episódio e a situação atual na central de Zaporijia, “mantida refém”, frisou, por “terroristas” russos.

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O mundo inteiro tem o dever de pressionar a Rússia para que esta liberte a central e a devolva ao controlo total da Ucrânia”, defendeu, afirmando que só assim será possível “garantir que o mundo não sofra novas catástrofes radiológicas, exatamente a ameaça que existe todos os dias com a presença de invasores russos na central nuclear de Zaporijia”.

Desde 4 de março de 2022, menos de duas semanas após o início da invasão da Ucrânia, a central nuclear de Zaporijia está sob controlo russo.

É a maior central nuclear da Europa e não produz eletricidade desde 11 de setembro de 2022. Os seus seis reatores estão em modo de paragem a frio.

Uma missão da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), agência que integra o sistema das Nações Unidas, está permanentemente no local desde 04 de setembro de 2022. No entanto, tal não impediu que as instalações fossem palco de ataques de que se acusam mutuamente russos e ucranianos.

O pior acidente nuclear da história ocorreu em 26 de abril de 1986 na Ucrânia — que era, na altura, uma das 15 repúblicas soviéticas –, quando um reator da central de Chernobyl, localizada a cerca de 100 quilómetros de Kiev, explodiu, contaminando cerca de três quartos da Europa, especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia.

Calcula-se que cerca de 350 mil pessoas terão sido deslocadas e que a saúde de muitos milhares foi afetada, direta ou indiretamente, pelos efeitos do acidente.