O Presidente cabo-verdiano disse esta sexta-feira que a descida de Cabo Verde no índice de liberdade de imprensa da organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) deve chamar todos à reflexão.
“As notícias de hoje dizem-nos que Cabo Verde desceu oito posições no ‘ranking’ da liberdade de imprensa: que esta classificação sirva de estímulo para reflexão sobre as nossas responsabilidades enquanto Estado, órgãos de comunicação social, jornalistas, sociedade civil, cidadãos”, disse José Maria Neves.
O Presidente da República foi convidado pela Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) para uma sessão evocativa do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
No discurso, o chefe de Estado pediu uma aposta “na qualidade do jornalismo que é feito para que as ‘não notícias’ não atropelem as notícias, estas baseadas em factos”, referiu.
Face a “uma sociedade cada vez mais complexa e diversificada”, defendeu ainda “uma maior especialização dos profissionais da comunicação social” e apelou para que se faça “mais jornalismo de investigação, mesmo admitindo as dificuldades que possam aparecer pelo caminho”.
O jornalismo podia ajudar a solucionar crimes e esclarecer acusações recorrentes de “compra de votos” em atos eleitorais, disse.
A sugestão foi feita num ano em que Cabo Verde vai realizar eleições autárquicas.
A classificação elaborada anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras é uma das que tem mais notoriedade internacional acerca do tema.
Na edição divulgada esta sexta-feira, Cabo Verde desce da posição 33 para a 41 entre 180 países.
O relatório critica a forte influência do Estado no setor, incluindo na nomeação de diretores de órgãos públicos, a autocensura instalada e as limitações no acesso à informação.
Ainda assim, em comparação com o panorama na África Ocidental, “o país destaca-se na região por um ambiente de trabalho favorável aos jornalistas”.