O Rafale é o SUV que se assume como o novo topo de gama da Renault, pelo que não é de estranhar que seja ele a apresentar a mais recente versão do motor híbrido do construtor francês, que promete baixos consumos, uma autonomia muito generosa em modo eléctrico e, como não podia deixar de ser, uma respeitável capacidade de aceleração — ou não fosse este Rafale E-Tech 4×4 PHEV o modelo mais potente da marca nas últimas décadas, igualando os 300 cv fornecidos pelo hatchback desportivo Mégane RS Trophy-R, que conquistou o recorde no circuito de Nürburgring.
Depois de já ter anunciado uma versão mais acessível do Rafale, com um motor híbrido com 200 cv, idêntico ao que já está ao serviço do Austral e do Espace, a Renault surge agora com uma versão mais musculada do SUV topo de gama com ares de coupé, com uma mecânica híbrida plug-in (PHEV) com 300 cv. E esta, por montar um segundo motor eléctrico no eixo posterior, passa a usufruir não só de maior potência, como igualmente de tracção integral 4×4.
No essencial, este novo motor E-Tech mantém os argumentos já conhecidos e testados pelo Austral, que tem por base o motor sobrealimentado com 1,2 litros de capacidade e três cilindros, garantindo agora 150 cv (em vez dos anteriores 131 cv) e uma força de 230 Nm (em vez dos 205 Nm da versão anterior). A este motor a gasolina, agora soprado por um turbocompressor de geometria variável e funcionando segundo o ciclo Miller, para se tornar mais eficiente, a Renault juntou um motor eléctrico similar ao do Austral e do Espace. A debitar 68 cv, é esta unidade que ajuda o motor de combustão a reduzir o consumo e a incrementar o nível de potência. Existe ainda um outro motor que, tal como no Austral e Espace, fornece 34 cv e tem por missão não só a gerar energia durante as travagens e desacelerações, como modular as mudanças eléctricas. Encontra-se instalado à frente, dentro da caixa de velocidades, a qual foi concebida em colaboração com a Renault Sport, que gere as equipas de F1 e do WEC, cujos técnicos a dotaram com 15 velocidades, entre três mecânicas e cinco eléctricas.
A novidade neste Rafale E-Tech 4×4 é a inclusão de um segundo motor eléctrico com acção directa na locomoção do SUV, que segundo a Renault fornece 136 cv, para elevar a potência total para os anunciados 300 cv. Mas esta versão PHEV tem mais trunfos na manga, uma vez que monta uma bateria com 22 kWh de capacidade (recarregável a 7,4 kW), que será suficiente para prometer uma autonomia em modo 100% eléctrico “de até 100 km”, segundo o fabricante.
Esta mecânica PHEV mistura uma unidade a combustão com outras eléctricas que permitem ao SUV com mais de 4,7 metros de comprimento reivindicar mais de 1000 km de autonomia total, assegurada pela energia acumulada na bateria e no depósito com 55 litros de gasolina. O construtor francês não revelou a velocidade máxima, mas avançou que a capacidade de aceleração corresponderá a 6,4 segundos para ir de 0-100 km/h (apenas 1 segundo mais lento do que o Mégane RS Trophy-R), além de que o consumo em WLTP será de 0,7 l/100 km. E pormenoriza ainda que, depois de esgotada a capacidade da bateria – ou seja, com o modelo a funcionar apenas como híbrido –, o Rafale com 300 cv consegue um consumo de 5,8 l/100 km.
O Rafale E-Tech 4×4 300 cv começará a ser entregue a clientes europeus a partir do Outono de 2024, em duas versões distintas, a Esprit Alpine e a Atelier Alpine, ambas a usufruir do sistema 4Control, que permite virar as rodas traseiras para facilitar as manobras a baixa velocidade (ao girá-las em direcção contrária às da frente) e, por outro lado, maximizar a eficiência do comportamento a alta velocidade (virando-as na mesma direcção). As duas versões dispõem ainda do mais recente software de infoentretenimento e navegação, que recorre ao eficaz Android Automotive da Google, a que alia o conhecido sistema de comandos por voz.
A versão Atelier Alpine foi a que requereu maior atenção por parte dos engenheiros da Alpine, a quem coube optimizar modos de condução específicos para o Agility Control, além de recalibrar a travagem, o controlo de estabilidade e de trajectória. Aqui a maior novidade consiste na introdução da suspensão activa, com os modos Confort, Dynamique e Sport, que adapta a dureza da suspensão e o sistema 4Control. É controlada por uma câmara preditiva instalada no pára-brisas, que “vê” a estrada à frente, detectando lombas, buracos e obstáculos, adaptando às condições para tornar o funcionamento da suspensão mais eficaz.