O Governo italiano parece estar furioso com a Stellantis, mais precisamente com a decisão do grupo que integra a Fiat estar a deslocar alguma da produção para o estrangeiro. Só nas últimas semanas, obrigou a mudar o nome do Alfa Romeo Milano para Junior e, mais recentemente, apreendeu 134 Fiat Topolino eléctricos no porto de Livorno, próximo de Nápoles.

Não deixa de ser curiosa esta aparente batalha entre Itália e a Stellantis, grupo que tem na família italiana Agnelli o seu maior accionista, com cerca de 14%. Isto porque a Fiat, quando ainda era um construtor independente, possuía desde 1948 uma fábrica na Polónia, de onde saíram modelos como o Fiat 126 e o Fiat Panda. Hoje, as marcas italianas da Stellantis — grupo que tem como CEO o português Carlos Tavares e como chairman John Elkann, da família Agnelli — continuam a recorrer a uma fábrica na Polónia, aproveitando os menores custos de produção, só que uma fábrica mais recente e eficaz.

É exactamente esta mais recente fábrica polaca que produz o Alfa Romeo Junior, modelo que originalmente foi apresentado como Milano até que a equipa dirigida pela primeira-ministra Giorgia Meloni impediu a Alfa Romeo de utilizar o nome de uma das mais emblemáticas cidades italianas num carro fabricado fora de Itália. Depois da crise “Milano”, eis que surge novo conflito, desta vez com o pequeno Topolino, um pequeno veículo eléctrico com dois lugares e muito barato, homologado como “mata-velhos” (quadriciclo) por ter potência e velocidade limitadas.

Giro, eléctrico e barato: o Topolino está de volta

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O Topolino, concebido sobre a mesma base que já deu origem aos Citroën Ami e Opel Rocks-e, é na realidade produzido numa outra fábrica que a Stellantis possui em Marrocos. Este é o mais atraente e desejável dos três “irmãos” que atravessam o Mediterrâneo rumo à Europa, tendo sido desenhado pelo Centro Stile Fiat, em Turim.

A bandeira italiana em causa no Topolino é mais pequena do que um cigarro

Sucede que o Governo italiano se agarrou a um pormenor para banir o Topolino. É mesmo um detalhe, uma vez que é uma tirinha mínima com 0,5 cm de altura e 5 cm de largura, que representa a bandeira italiana. Tal levou um porta-voz da Stellantis a afirmar que o Topolino “cumpre todos os requisitos legais”, o que não impediu o grupo de optar por retirar a bandeira de Itália.