A RTP3 foi o canal que noticiou maior número de candidaturas dos partidos extraparlamentares na campanha eleitoral das legislativas e que as do PS, AD e Chega destacam-se em presenças no noticiário em todos os media analisados pela ERC.

Estas são duas das conclusões dos relatórios “Cobertura Jornalística das Eleições Legislativas 2024 – Televisão” e “Cobertura Jornalística das Eleições Legislativas 2024 – Rádio” publicados esta quinta-feira pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

A análise da cobertura jornalística das 18 candidaturas às eleições legislativas de 10 de março cobre os noticiários de horário nobre da RTP1, RTP2, RTP3, SIC, SIC Notícias, TVI, CNN Portugal, CMTV e Porto Canal e os noticiários diários matinais (8h00 e 9h00) da Antena 1, Rádio Observador, Rádio Renascença e TSF.

“Além do registo das presenças das candidaturas nos noticiários televisivos e radiofónicos emitidos entre 11 de fevereiro e 8 de março, o acompanhamento realizado pela ERC considerou ainda a participação das diferentes candidaturas nos espaços de entrevista e debate durante as fases de pré-campanha e de campanha eleitoral (15 de janeiro a 8 de março) e em programas ou espaços de comentário durante a campanha eleitoral (25 de fevereiro a 8 de março)”, refere o regulador.

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Em termos gerais, “conclui-se que, nas peças de informação de todos os órgãos de comunicação social considerados, as candidaturas do PS, da coligação AD e do Chega se destacam em número de presenças e que os líderes das candidaturas surgem como protagonistas na maioria das peças“, refere a ERC, no comunicado.

Nos notíciários analisados “são residuais as situações de diretos e constata-se que o tema que surge mais mediatizado no período eleitoral é o do ‘desempenho das candidaturas’, que se consubstancia em críticas ou em autorreferências” e na fase de pré-campanha “tende a destacar-se a temática ‘cenários pós-eleitorais'”.

Conclui-se ainda que “os comentadores tendem a ser escolhidos entre personalidades sem pertença partidária e que no período da campanha eleitoral todos os serviços de programas cumpriram a suspensão da participação de candidatos nos espaços e/ou programas de comentário”.

Da análise aos nove canais, sobressai que “a RTP 1, a RTP2, a SIC, a SIC Notícias, a TVI e a CMTV cobriram acontecimentos ligados a partidos extraparlamentares somente no período da campanha eleitoral e de modo residual” e que “a RTP 3 foi o serviço de programas que maior número de candidaturas dos partidos extraparlamentares noticiou no período de campanha eleitoral (8 das 10 candidaturas extraparlamentares)”.

Já o Porto Canal “distinguiu-se por ter dado visibilidade aos cabeças de lista/candidatos pelos círculos eleitorais dos distritos da região norte, nomeadamente Braga, Bragança, Viana do Castelo, Vila Real e Porto”.

A RTP1, a SIC e TVI, e os respetivos serviços de programas informativos, RTP3, SIC Notícias e CNN Portugal, “organizaram e transmitiram 28 debates frente-a-frente entre os líderes de todos os partidos candidatos com representação parlamentar” e a RTP “foi o único operador que realizou dois debates fora do modelo frente-a-frente, um com os representantes das candidaturas de partidos parlamentares e outro com as candidaturas de partidos sem assento parlamentar, transmitidos na RTP1/RTP3”.

O Porto Canal procurou realizar 23 debates frente-a-frente com os representantes das candidaturas pelos círculos eleitorais de Braga, Bragança, Viana do Castelo, Vila Real e Porto, mas “por motivos de agenda alguns dos candidatos não compareceram”.

De acordo com a ERC, “o operador transformou estes momentos em entrevista” e transmitiu 14 debates e nove entrevistas.

A RTP1/RTP3, a CMTV e o Porto Canal “entrevistaram todos os líderes das candidaturas de partidos com assento parlamentar durante o período eleitoral” e na SIC Notícias e CNN Portugal “observa-se que é mais frequente a presença de comentadores com pertença partidária, designadamente da coligação AD, do PS e do BE”, refere a ERC.

Já na RTP2 e na CMTV “não foram identificados comentadores com pertença partidária”.

Nas rádios, a Antena 1 “cobriu acontecimentos ligados a todas as candidaturas, incluindo as dos partidos extraparlamentares, contrariamente à Rádio Renascença que na totalidade dos noticiários analisados não registou qualquer presença dos partidos sem assento parlamentar”.

A Rádio Observador “só referiu o partido ADN e sempre por relação com a coligação AD e o potencial de confusão entre as duas siglas” e a TSF “acompanhou parte dos partidos extraparlamentares durante o período da campanha eleitoral, deixando de fora a Alternativa 21, o Ergue-te!, o Nós, Cidadãos e o PCTP/MRPP”.

As quatro rádios realizaram em conjunto um debate com todos os partidos com assento parlamentar, “sendo as coligações CDU e AD representadas pelos líderes, respetivamente, do PCP e do PSD”, e o “Chega recusou estar presente por motivos de agenda”.

A Rádio Observador deu visibilidade a uma maior diversidade de candidatos dos partidos parlamentares ao realizar 24 debates frente-a-frente, durante o período eleitoral”.

A ERC observa que “foram emitidas entrevistas aos líderes das candidaturas, por todos os serviços de programas, dentro dos diários de campanha, dos noticiários ou em programas autónomos”, sendo que, em alguns casos, por questões de agenda dos candidatos, não foi possível a sua concretização.

A Renascença “concedeu comparativamente às suas congéneres mais tempo de emissão a espaços de comentário”, conclui.