O presidente do Chega, André Ventura, garantiu esta terça-feira que o partido não apoiará uma solução de governo na Madeira que junte PS e JPP e voltou a pedir o afastamento do líder regional do PSD, Miguel Albuquerque.

“Não creio que haja possibilidades de viabilizar um governo à direita se Miguel Albuquerque não sair”, afirmou.

O líder do Chega falava aos jornalistas antes de uma ação de campanha para as eleições europeias de 9 de junho, em Olhão, no distrito de Faro, e foi questionado sobre a intenção anunciada por PS e JPP de apresentar “uma solução de governo conjunta” na Madeira. Juntos, estes dois partidos somam 20 deputados, aquém dos 24 necessários para a maioria absoluta.

André Ventura garantiu que esta solução não terá o apoio do Chega e considerou até ser algo “um pouco cómico” porque “JPP e PS juntos não têm maioria no parlamento regional”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

PS e JPP: um acordo não assinado e uma ‘geringonça’ minoritária que deixa Albuquerque em vantagem

“Era bom que a região recebesse esta mensagem clara desde cedo, que assim acabam as ilusões já de manhã: não vai haver nenhum governo do JPP nem do PS, porque juntos a direita na Madeira tem maioria e há uma coisa que os partidos, entendam-se ou não, vão dizer ao representante da República, é que, por nós, PS e JPP não passarão”, e “no máximo duram um dia no parlamento da Madeira”, salientou.

Ventura disse que “nunca acontecerá” o Chega viabilizar um governo socialista, anunciando que votará contra. O líder do Chega voltou a insistir na saída de Miguel Albuquerque do Governo Regional.

“O PSD tem aqui um caminho certo a fazer, é afastar Miguel Albuquerque e indicar outro presidente do Governo Regional”, defendeu, questionando se o líder do PSD/Madeira “vai permitir uma situação de instabilidade ou vai pôr a Madeira acima do seu ego e da sua posição pessoal e deixar que tenha um governo estável”.

André Ventura defendeu que “a direita venceu as eleições na Madeira e deve governar”, mas afirmou que “Miguel Albuquerque não é solução, é problema”.

Se houver um nome credível, forte, acima de qualquer suspeita, que é isso que os madeirenses e porto-santenses querem, podemos ter um governo para quatro anos, sem interferências da esquerda e da extrema-esquerda”, salientou.

Questionado se a posição do partido não contribui para um cenário de instabilidade, Ventura remeteu responsabilidades para o PSD, dizendo que o Chega está a “apontar o caminho e eles não querem esse caminho”.

Dizendo ainda que está disponível para aprovar “medidas pontuais”, o que só poderá acontecer depois de o programa de Governo ser aprovado no parlamento regional, André Ventura indicou que “o Chega será sempre um partido responsável e capaz de aprovar o que é bom para as pessoas”, mas considerou ser “ainda muito prematuro falar do orçamento”.

O presidente do Chega desafiou ainda o líder do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, a pronunciar-se e “dizer o que faria”.

O PS e o JPP vão apresentar ao representante da República na Madeira “uma solução de governo conjunta” no arquipélago, anunciaram as estruturas regionais dos partidos, que recusaram “viabilizar qualquer solução governativa apresentada pelo PSD”.

No domingo, o PSD de Miguel Albuquerque (presidente do executivo madeirense desde 2015) voltou a vencer as legislativas regionais e elegeu 19 deputados, afirmando-se disponível para assegurar um “governo de estabilidade”. A direita – PSD, Chega, CDS e IL – consegue somar 26 lugares, a que se poderia juntar ainda o do PAN, mas os partidos declararam ter reservas sobre entendimentos com os sociais-democratas.

Sem maioria absoluta e à procura de parceiros: a missão de um Albuquerque legitimado para governar e que não sai para agradar a ninguém