Cerca de uma centena de pessoas marchou este sábado em Lisboa pelo clima, para exigir aos políticos europeus o “fim dos subsídios aos combustíveis fosseis” e por uma “transição energética justa”.

A ação de protesto, que decorreu entre o Largo Camões e a Praça Martim Moniz, em Lisboa, foi organizada pela plataforma “Salvar o Clima”, que reúne mais de duas dezenas de organizações, e ocorre no âmbito de uma convocatória europeia com dezenas de manifestações em vários países.

“A crise climática é dos maiores atentados à nossa liberdade” e “ocupar casas vazias e bloquear refinarias” foram algumas das palavras de ordem dos manifestantes.

Em declarações à agência Lusa, a porta-voz da plataforma “Salvar o Clima”, Ana Matias, explicou que este protesto serve para instar os políticos europeus a adotar medidas que ajudem a prevenir e a combater as alterações climáticas, tornando o planeta “mais justo e habitável”.

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“Nós estamos no fim de semana anterior às eleições europeias e a verdade é que os próximos cinco anos, que é a duração do mandato, vão ser extremamente decisivas para a implementação de políticas públicas sérias. Portanto, estamos aqui para chamar a atenção da importância destes próximos cinco anos”, sublinhou.

O cancelamento da dívida do Sul Global, o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, a garantia de uma transição justa e de que são os “ultra ricos” e as “empresas poluidoras” a pagar essa transição são as principais reivindicações destes ativistas.

“Os políticos têm-nos falhado nos últimos anos. A crise climática só se tem adensado e tem tido repercussões brutais, um pouco por todo o mundo”, apontou Ana Matias.

Um dos participantes nesta marcha foi o sérvio Marco Teodorovic, voluntário da associação ambientalista Quercus, que contou à Lusa que sempre se preocupou com as questões ambientais e ecológicas.

“Quero sempre ajudar dentro do possível. Acho que é muito importante porque este mundo tem muitos problemas com o clima, com as florestas, com tudo”, justificou o ativista, de 35 anos.

Outra das participantes, Marta Ramalho, estudante de biologia, justificou também a sua presença nesta marcha com as preocupações que tem em relação ao ambiente e a “alguns sinais” que vão aparecendo.

“A mim tocam-me bastante estes temas, que é o estado do clima atual, as temperaturas a subir, o estado dos oceanos e toda a natureza estar a morrer e nós estarmos a morrer com ela”, apontou.

Uma das presenças políticas nesta manifestação foi a da porta-voz do PAN (Pessoas–Animais–Natureza), Inês Sousa Real, e do cabeça de lista do partido às eleições do Parlamento Europeu, Pedro Fidalgo Marques.

“O clima mudou e por isso a política tem de mudar. O que vimos aqui é mais de duas dezenas de associações portuguesas, que se juntam a centenas de associações europeias, para podermos, realmente, lutar por um clima mais estável”, afirmou aos jornalistas o candidato do PAN a eurodeputado.

Entre as associações que estiveram representadas nesta marcha está a Academia Cidadã, a Climáximo, a Habita, o Partido Ecologista “Os Verdes”, a Quercus, a Sciaena, o SOS Quinta dos Ingleses, entre outras.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas, a “ação humana, principalmente através das emissões de gases de efeito estufa, inequivocamente causou aquecimento global, com a temperatura à face do globo a atingir um aumento de 1,1 graus Celsius na década de 2011-2020 face ao período entre 1850 e 1900”.

Desde os anos 1980 que cada década tem sido recordista no aumento de temperaturas face à anterior, lembram as Nações Unidas, que sublinham que na década entre 2010 e 2019 os eventos extremos do clima deslocaram 23,1 milhões de pessoas.

O impacto das alterações climáticas e do aquecimento global tem efeito em todas as vertentes da vida no planeta: “o mundo está a perder espécies a um ritmo mil vezes superior ao de qualquer outra altura na história”, havendo também secas maiores e mais regulares do que no passado.

“Todos os anos, fatores ambientais tiram a vida a cerca de 13 milhões de pessoas”, recordam as Nações Unidas.