O fim das manifestações de interesse, ou seja, acabar com os vistos sem contrato de trabalho — com efeito imediato — para autorização de residência é uma das principais medidas apresentadas esta tarde pelo Governo no novo plano para as migrações, aprovado esta segunda-feira em Conselho de Ministros. As medidas surgem numa altura em que centenas de imigrantes reclamam não conseguir, por exemplo, renovar os respetivos vistos de residência na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, sublinharam a urgência de resolver esses casos, reforçando também as estruturas e os meios.
As 41 medidas:
- Extinguir o procedimento de Manifestações de Interesse;
- Reforçar a capacidade de resposta e processamento nos Postos Consulares;
- Priorizar canais de entrada para reagrupamento familiar, jovens estudantes e profissionais qualificados;
- Criar Estrutura de Missão para resolver os mais de 400 mil processos pendentes;
- Intervir de forma urgente nas infraestruturas, sistemas informáticos e bases de dados do controlo de fronteiras existentes;
- Recuperar o atraso na implementação dos novos sistemas de controlo de fronteiras;
- Mitigar os elevados níveis de congestionamento e atrasos que se verificam nos postos de fronteiras dos aeroportos de Lisboa e Faro;
- Reforçar o enquadramento operacional do Acordo de Mobilidade CPLP;
- Confirmar e executar os compromissos de reinstalação e recolocação de beneficiários e requerentes de proteção internacional;
- Desenvolver e executar o Plano Nacional para a Implementação do Pacto para as Migrações e Asilo da União Europeia;
- Aumentar a capacidade dos Espaços Equiparados a Centros de Instalação Temporária;
- Construir novos Centros de Instalação Temporária;
- Instituir mecanismos de celeridade processual a aplicar nos processos de recursos judiciais, em sede de imigração e asilo;
- Garantir a eficiência e eficácia do sistema de retorno, unificando estas competências nas forças policiais;
- Criar uma equipa multi-forças de fiscalização para combater abusos (tráfico seres humanos, imigração ilegal, exploração laboral e violação de direitos humanos);
- Auditar os processos de avaliação linguística para a obtenção de nacionalidade portuguesa;
- Instituir um sistema de atração de capital humano alinhado com as necessidades do país;
- Melhorar o processo de reconhecimento de qualificações e competências;
- Promover a formação profissional e capacitação de cidadãos estrangeiros;
- Realizar um Levantamento de Necessidades Laborais, alinhando a oferta e a procura de trabalhadores estrangeiros e o seu acolhimento programado;
- Promover a atração e frequência de alunos estrangeiros nas Instituições de Ensino Superior portuguesas;
- Aumentar as vagas para requerentes de asilo e refugiados nos centros de acolhimento;
- Aumentar a capacidade das Unidades Residenciais especializadas para acolhimento de emergência de menores não acompanhados;
- Aumentar a capacidade de alojamento temporário e urgente para imigrantes, refugiados e beneficiários de proteção internacional;
- Promover a integração profissional de imigrantes no mercado de trabalho nacional;
- Criar Centros de Acolhimento Municipal/Intermunicipal de Emergência para imigrantes, em cooperação com os Municípios;
- Implementar projetos de integração em bairros muito críticos sob coordenação municipal;
- Reforçar oferta, cobertura e frequência do ensino do Português Língua Não Materna (PLNM);
- Disponibilizar materiais e orientações multilingues, incluindo em português funcional;
- Simplificar o processo de concessão de equivalências no ensino básico;
- Promover e gerir o acesso dos imigrantes ao Serviço Nacional de Saúde;
- Criar instrumentos de canalização de capital privado para investimento social em projetos de integração de imigrantes;
- Criar a Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP;
- Reestruturação das competências e organização interna da AIMA;
- Reforçar os recursos humanos e tecnológicos da AIMA, criando um incentivo à produtividade e desempenho;
- Transferir a competência de atendimento presencial dos pedidos de renovação de autorização de residência do IRN para a AIMA;
- Alargamento do serviço presencial disponível para o cidadão imigrante pedir os seus identificadores setoriais;
- Restituir o Observatório das Migrações enquanto organismo do Estado para informar política pública;
- Redefinir e autonomizar o Conselho para as Migrações e Asilo, enquanto órgão consultivo do Governo;
- Reforçar o apoio financeiro às associações de imigrantes e da sociedade civil que operam no setor;
- Fortalecer as respostas de proximidade através dos Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes