Era humano para mostrar como são extraterrestres, desceu à terra para mostrar que os extraterrestres têm o seu quê de humanos: Novak Djokovic foi obrigado a desistir de Roland Garros por lesão depois de apurar-se para os quartos, onde iria defrontar o norueguês Casper Ruud (que fica assim apurado para as meias). Em paralelo, e como efeito prático dessa inevitabilidade por indicação médica, o ranking ATP vai ter um novo número 1 a partir da próxima semana, neste caso um estreante chamado Jannik Sinner.
Djokovic has withdrawn from Roland-Garros due to a right knee injury.
— Roland-Garros (@rolandgarros) June 4, 2024
Wishing Novak a speedy recovery ???? pic.twitter.com/Ilb6HynTzw
A informação partilhada numa primeira instância pela própria organização do torneio acaba por confirmar os receios que existiam no seguimento de mais uma maratona de mais de 4h30 frente a Francisco Cerundolo esta segunda-feira nos oitavos do quadro de singulares, que terminou com uma vitória do sérvio em cinco sets com os parciais de 6-1, 5-7, 3-6, 7-5 e 6-3. Ainda no segundo parcial, e quando parecia ter a partida mais “controlada”, Djokovic lesionou-se no joelho direito, foi assistido por duas ocasiões pela equipa médica na sua cadeira explicando com movimentos na zona afetada o problema mas decidiu manter-se na partida.
Qual Fénix renascida, e entre mais três escorregadelas no quinto e decisivo set (na primeira caiu sem apoio no court ficando “pintado” de pó de tijolo e com queixas na mão direita, na segunda evitou a queda apoiado na raquete e na terceira fez um amortie que vai ficar provavelmente como o melhor ponto de todo o torneio), o agora antigo número 1 encontrou forças onde se pensava não ter, até pela maratona que enfrentara na noite de sábado/madrugada de domingo até às 3h diante de Lorenzo Musetti, e “resgatou” uma vitória fantástica diante do argentino. Ainda assim, o problema continuava lá. E nem mesmo com 48 horas de descanso ia ser remediado, sendo por isso forçado a deixar o torneio que ganhara na passada temporada.
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Desta forma, e por já não ter pontos para defender em Roland Garros (pelo contrário, tendo em conta que foi eliminado na segunda ronda em 2023), Jannik Sinner, que está a defrontar esta terça-feira nos quartos o búlgaro Grigor Dimitrov, vai subir pela primeira vez à liderança da hierarquia do ATP aos 22 anos, naquele que era uma espécie de último passo para chegar ao topo depois de ter ganho a Taça Davis e o primeiro Grand Slam da carreira no Open da Austrália, derrotando na final o russo Daniil Medvedev.
Na perspetiva de Novak Djokovic, chega ao fim de forma inglória uma caminhada que, com duas maratonas vitoriosas pelo caminho, estava a conseguir apagar um dos piores inícios de temporada dos últimos largos anos. Em paralelo, começa também a chegar ao fim a era dos Três Mosqueteiros: com Roger Federer retirado dos courts, Rafa Nadal, que fez esta segunda-feira 38 anos, foi eliminado pela primeira vez na primeira ronda de Roland Garros por Alexander Zverev e Djokovic viu-se privado de tentar defender o título de 2023. Contas feitas, pela primeira vez nos últimos 20 anos nenhum dos três ganha um dos primeiros Grand Slams do ano. E a conta até pode alargar-se a três, dependendo da condição do sérvio para Wimbledon.
Em atualização