Há menos de um ano, em agosto de 2023, Simone Biles fez história ao sagrar-se campeã nacional de ginástica pela oitava vez, algo que nunca ninguém tinha alcançado e que batia um recorde que durava desde 1933. Menos de um ano depois, em junho de 2024, Simone Biles voltou a não desiludir: sagrou-se campeã nacional de ginástica pela nona vez, alargando o próprio registo histórico.

A jogar em casa — os Campeonatos Nacionais decorreram no Texas e a ginasta teve o marido e a restante família a apoiá-la nas bancadas –, Simone Biles dominou toda a competição e nem sequer deixou que um erro no cavalo, este domingo, atrapalhasse a supremacia demonstrada no all around. A norte-americana terminou as provas com um combinado de 119.750 pontos, mais seis do que Skye Blakely, a segunda classificada, e muito longe de Kayla DiCello, que ficou no terceiro lugar.

“O que queria era estar aqui e estar confortável e confiante com a minha ginástica para estar no apuramento para os Jogos Olímpicos e dar o passo seguinte rumo a Paris. Não podia estar mais orgulhosa do meu momento nesta altura do ano e do facto de estar a conseguir ganhar cada vez mais confiança, de me colocar em frente a uma multidão e repetir tudo o que faço nos treinos”, explicou Biles já depois de receber a medalha de ouro.

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Apesar de já ter ficado totalmente subentendido que a ginasta de 27 anos vai mesmo estar presente nos Jogos Olímpicos, esta foi a primeira vez que Simone Biles assumiu diretamente que quer estar em Paris — três anos depois de, em Tóquio, ter abdicado de quatro finais para dar prioridade à saúde mental e ter até colocado em causa a continuidade da carreira.

“Toda a gente diz que parece mesmo que estou a divertir-me e isso é bom. Se não estiver stressada ou a sentir ansiedade, estou mesmo a divertir-me. É bom ter isso e é bom ter voltado a sentir isso”, acrescentou a norte-americana, que esteve dois anos sem competir depois de Tóquio e que é ainda a ginasta mais medalhada de sempre em Jogos Olímpicos, com sete medalhas entre quatro ouros, uma prata e dois bronzes.

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De recordar que, depois dos tais dois anos de interrupção em que não participou em qualquer competição, Simone Biles voltou ao ativo no início de agosto do ano passado e desde logo para conquistar o tal oitavo título nacional que lhe permitiu quebrar o recorde de Alfred Joachim que durava desde 1933. Seguiram-se os Mundiais de Antuérpia, onde arrecadou quatro ouros e uma prata e ainda se tornou a primeira mulher a completar um duplo Yurchenko no cavalo, um dos saltos mais complexos de sempre, que passou a chamar-se Biles II.

A cerca de mês e meio do início dos Jogos Olímpicos, Simone Biles parece estar totalmente lançada para prolongar a própria história e ir atrás de mais medalhas em Paris. Ao contrário do que acontecia há três anos, a ginasta voltou a divertir-se nas competições, a sorrir para as bancadas e a não permitir que pequenos erros estraguem a performance global — ou seja, é a única favorita e a grande candidata aos ouros olímpicos, procurando abrir a porta a um novo capítulo futuro quando já muitos achavam que era passado.

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