A polémica começou a formar-se com a acusação do secretário-geral do PS de que o governo de Montenegro tinha recorrido a uma consultora privada para colaborar na elaboração do Plano de Emergência para a Saúde. A consultora em causa é a IQVIA, para a qual trabalha um ex-secretário de Estado da Saúde do governo de António Costa (Manuel Delgado), como avança esta sexta-feira o Nascer do Sol.

Foi precisamente nos governos de António Costa que o grupo IQVIA firmou mais de 50 contratos com entidades públicos, inclusivé três com organismos na esfera do Ministério da Saúde. Como escrevia o Observador, só nesses três contratos (com dois hospitais e a Direção Geral da Saúde) foram gastos quase 200 mil euros, muito mais do que os 9250 euros referentes ao contrato agora celebrado entre o Gabinete da Ministra da Saúde e a IQVIA.

Plano de emergência na saúde. Nos governos de Costa entidades da Saúde adjudicaram mais de 2 milhões ao grupo IQVIA

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Manuel Delgado foi diretor-geral da IASIST (uma empresa do grupo IQVIA), que nos últimos anos tem prestado consultoria ao Ministério da Saúde. Manuel Delgado, que é administrador hospitalar de formação, abandonou o cargo naquela empresa em 2015, quando foi convidado para integrar o primeiro governo de António Costa.

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Esteve no Ministério da Saúde até 2017, quando saiu na sequência da polémica com a Associação Raríssimas — recorde-se que Manuel Delgado foi consultor daquela associação entre 2013 e 2014, tendo recebido mais de 63 mil euros em apoios estatais quando a Raríssimas passava já por grandes dificuldades financeiras.

No entanto, mesmo depois de sair do Ministério da Saúde, Manuel Delgado voltou a trabalhar com o governo através da IQVIA.