A polémica começou a formar-se com a acusação do secretário-geral do PS de que o governo de Montenegro tinha recorrido a uma consultora privada para colaborar na elaboração do Plano de Emergência para a Saúde. A consultora em causa é a IQVIA, para a qual trabalha um ex-secretário de Estado da Saúde do governo de António Costa (Manuel Delgado), como avança esta sexta-feira o Nascer do Sol.
Foi precisamente nos governos de António Costa que o grupo IQVIA firmou mais de 50 contratos com entidades públicos, inclusivé três com organismos na esfera do Ministério da Saúde. Como escrevia o Observador, só nesses três contratos (com dois hospitais e a Direção Geral da Saúde) foram gastos quase 200 mil euros, muito mais do que os 9250 euros referentes ao contrato agora celebrado entre o Gabinete da Ministra da Saúde e a IQVIA.
Manuel Delgado foi diretor-geral da IASIST (uma empresa do grupo IQVIA), que nos últimos anos tem prestado consultoria ao Ministério da Saúde. Manuel Delgado, que é administrador hospitalar de formação, abandonou o cargo naquela empresa em 2015, quando foi convidado para integrar o primeiro governo de António Costa.
[Já saiu o quarto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio e aqui o terceiro episódio]
Esteve no Ministério da Saúde até 2017, quando saiu na sequência da polémica com a Associação Raríssimas — recorde-se que Manuel Delgado foi consultor daquela associação entre 2013 e 2014, tendo recebido mais de 63 mil euros em apoios estatais quando a Raríssimas passava já por grandes dificuldades financeiras.
No entanto, mesmo depois de sair do Ministério da Saúde, Manuel Delgado voltou a trabalhar com o governo através da IQVIA.