A Renault está apostada em construir veículos eléctricos mais acessíveis, nomeadamente um Twingo a bateria por menos de 20.000€, e já tentou duas estratégias distintas para levar a água ao seu moinho. Agora, face à ausência de respostas positivas, avança com uma terceira, que passa por se aliar a um parceiro chinês para conceber a mencionada versão eléctrica do Twingo, o pequeno citadino com linhas características que, apesar de ser concebido na China, será fabricado na Europa.
Nos últimos meses, a Renault pareceu tentar repetir a estratégia da carochinha, que na história para crianças se punha à janela para encontrar alguém que quisesse casar consigo. Em vez dos cinco reis no bolso, o construtor francês tinha o projecto de conceber e produzir um modelo eléctrico pequeno e barato, por menos de 20.000€, e de início tentou encontrar um pretendente junto das restantes marcas europeias, a quem desafiou criar uma solução tipo Airbus, uma espécie de consórcio para enfrentar os automóveis eléctricos chineses mais baratos que vêm aí, partilhando o efeito escala para reduzir custos. Simultaneamente, piscava o olho ao maior construtor europeu, o Grupo VW, para em conjunto conceberem o Twingo para os franceses e um provavelmente denominado ID.1 para os alemães.
Mas se publicamente os restantes fabricantes europeus não se mostraram entusiasmados com a proposta da Renault, que parecia ter o lema “unidos para sermos mais fortes”, a Volkswagen optou por seguir o seu caminho, separado da marca francesa, provavelmente a pensar já que a necessidade de ter de produzir modelos eléctricos do segmento A para uma série das suas marcas – sobretudo Seat, Skoda, Cupra e Audi, além da própria VW – corria o risco de se tornar mais interessante para a Renault do que para o Grupo Volkswagen. O tempo dirá quem tem razão.
De acordo com declarações à Automotive News Europe, a Renault afirma ter resolvido o seu problema – a necessidade de produzir rapidamente um citadino eléctrico com as dimensões do Twingo por menos de 20.000€ –, recorrendo a um parceiro chinês, que optou por não mencionar. O construtor liderado por Luca de Meo avançou ainda que o pequeno eléctrico será concebido na China, mas será produzido na Europa, nas instalações fabris que a marca possui na Eslovénia (que produz o actual Twingo, de onde também saía o Smart Forfour), o que permitirá à marca gaulesa evitar os eventuais constrangimentos que venham aí contra os veículos fabricados na China.
Como seria de esperar, o silêncio em torno do parceiro chinês para a concepção do Twingo levou a especulações, tentando adivinhar quem seria o construtor chinês a quem se associaria a Renault. Dificilmente será uma das marcas controladas pelo Estado comunista, com a Geely a ser a opção mais provável, uma vez que também não é conhecida uma plataforma capaz de gerar modelos com menos de 3,7 metros neste grupo privado chinês, que já é sócio dos franceses na Horse, a divisão de que a Renault vendeu 50% à Geely.