Foi o Governo da AD que acabou a fazer entrar no Parlamento a proposta para dinamizar o mercado de capitais determinada para que a tranche do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) que ficou por pagar possa ser pedida. Mas a proposta estava já preparada pelo anterior Governo, mas o Executivo de Montenegro acabou por fazer algumas alterações que o PS já disse concordar.

António Mendonça Mendes, agora deputado do PS e que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e mais tarde Adjunto de António Costa, acabou a defender o diploma que chega ao Parlamento pela mão do Governo da AD, lembrando que este era um dossiê já preparado pelo anterior Executivo e que constava da pasta de transição. Mas também assegurou que as mudanças introduzidas pelo Governo ao que o Executivo de Costa deixou merecerem o “sim” do PS, mas ataca o deputado do PSD que disse que o PRR estava atrasado. “O PRR está em movimento e agora compete ao Governo manter a sua execução”, atirou.

O diploma, disse, foi resultado de um grupo de trabalho com supervidores e reguladores.

Nas alterações introduzidas pelo atual Governo, face ao diploma de Costa, Mendonça Mendes concorda com o privilégio de incentivos a investimentos que privilegiem o médio e longo prazos, quer no produto de reforma pan-europeu, quer nos PPR. “Vai no bom sentido”.

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Também diz que “não nos parece errado” dar incentivos aos fundos imobiliários para equiparação ao arrendamento acessível”, dizendo que, no entanto, poderá ser de difícil interpretação.

E aplaude a mudança para que a majoração em sede de IRC para custos de entrada em bolsa abranja não apenas small/midcaps, mas as médias empresas. No caso do diploma em discussão, as empresas que admitam à negociação em bolsa valores mobiliários de um mínimo de 20% do capital terão uma majoração dos custos em 100%. Isto abrange empresas qualificadas como micro, pequena ou média empresa, ou empresa de pequena-média ou média capitalização (Small Mid Cap ou Mid Cap). Consideram-se os gastos dedutíveis “as taxas, comissões e outros encargos diretamente relacionados com a admissão à negociação, incluindo os correspondentes a atos preparatórios necessários à mesma, bem como os gastos de intermediação, diretamente relacionados com a primeira admissão à negociação“. Com penalizações caso a dispersão de capital não se verifique. Por outro lado, as segundas admissões são majoradas em 50%, sem capital mínimo.

Três pontos que o Governo atual não quantificou em termos de impacto orçamental, dizendo que a despesa fiscal maior poderá ser a que dá incentivos fiscais, em sede de IRC, às empresas que entrarem em bolsa, mas quanto maior for a despesa maior será o sucesso da medida, salientou João Silva Lopes, secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, que foi sempre argumento que a proposta em debate esta terça-feira resulta da necessidade de fazer cumprir as metas do PRR. E, por isso, prometeu: Esta é a primeira mudança “de outras que se seguirão”.

Estas alterações foram pedidas pelo Governo para serem votadas com urgência no Parlamento, precisamente por causa do PRR. E entram em vigor no dia seguinte ao da sua publicação em Diário da República, justificando o secretário de Estado pela necessidade de isso acontecer para que as empresas não esperassem pela sua entrada em vigor para promoverem a entrada em bolsa.