Era o último dia dos Campeonatos da Europa de Roma, era também o adeus à possibilidade de Portugal ter ainda espaço para conquistar mais uma medalha depois da prata de Pedro Pablo Pichardo e do bronze de Liliana Cá. Era, não foi. Afinal, a maior surpresa nacional na capital italiana estava guardada para esta quarta-feira e fechou a prova da melhor forma: Agate de Sousa conquistou o bronze no comprimento.

Nasceu uma nova luta no triplo: Pichardo passa os 18 metros, bate recorde mas fica com medalha de prata nos Europeus

A atleta nascida em São Tomé e Príncipe, que fazia a primeira grande prova internacional por Portugal, tinha conseguido a quarta melhor marca de qualificação para a final da disciplina, abrindo algumas expetativas de uma possível medalha entre outro objetivo já garantido pela jovem de 24 anos que passava pela garantia do registo mínimo de apuramento para os Jogos de Paris. E Agate de Sousa ia mesmo lutar por mais.

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“Sinto-me feliz e contente pelo resultado. Queria fazer a qualificação no primeiro salto para evitar ter de fazer mais saltos. Foi bom. Amanhã [na quarta-feira] é outro dia e começamos todas do zero. O objetivo é fazer um salto válido no primeiro ensaio, para lutar pela competição, entrando o mais cedo possível. Os Europeus são um grande palco e são, para mim, uma experiência, porque tive sentimentos que nunca tinha sentido. Nunca tinha tido a pressão de fazer três saltos, mas correu bem e acho que, se continuar com a mesma mentalidade, vai correr bem nos Jogos Olímpicos”, tinha referido na véspera à agência Lusa.

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A final começou da melhor forma para a atleta portuguesa, que terminou a primeira ronda de tentativas na frente do concurso com a marca de 6,87, à frente da italiana Larissa Iapichino (6,82) e da alemã Malaika Mihambo (6,70). Quis o destino que as três primeiras classificadas nessa fase terminassem todas no pódio mas em posições diferentes, sendo que o concurso ainda deu algumas voltas até ao seu desfecho.

Malaika Mihambo assumiu a liderança da final do salto em comprimento logo de seguida e não fez a coisa por menos, assegurando a melhor marca mundial do ano com 7,22 na segunda tentativa com Agate de Sousa a ficar próximo do registo inicial (6,86) e Larissa Iapichino a melhorar mas só em dois centímetros (6,84). De seguida, a emoção deu várias voltas: a francesa Hilary Kpatcha subiu ao segundo lugar com recorde pessoal de 6,88, Agate de Sousa chegou à melhor marca pessoal do ano com 6,91, a alemã Mikaelle Assani igualou com o recorde pessoal a 6,91 que mantinha a portuguesa à frente por ter a segunda melhor marca a seguir. Só mesmo no final as posições cimeiras voltariam a mexer, com Iapichino a “tirar” a prata à atleta portuguesa com um salto a 16,94 que foi a melhor marca europeia do ano de uma atleta Sub-23.

Desta forma, Agate de Sousa encerrou com chave de bronze a participação portuguesa nestes Europeus de Roma, somando a terceira medalha para a comitiva nacional depois da prata de Pedro Pablo Pichardo no triplo salto com recorde nacional acima dos 18 metros (18,04) e do bronze de Liliana Cá no disco.

O melhor dia de sempre apareceu aos 37 anos: Liliana Cá conquista medalha de bronze no lançamento do disco nos Europeus