A tarefa não se previa fácil e os primeiros meses de trabalho estão a confirmá-lo. Com as contas do clube em situação bastante debilitada, a presidência de André Villas-Boas no FC Porto encontra-se com uma difícil tarefa nas mãos. As primeiras decisões passaram pelas saídas de Sérgio Conceição e Pepe, figuras dos dragões nos últimos anos, mas as mudanças não deverão ficar por aqui. Com a entrada na Liga dos Campeões cada vez mais complicada, o novo presidente espera haver abertura ao diálogo no futebol português.

Em entrevista ao canal Now, o presidente dos dragões começou por abordar o presente do clube, referindo que o clube tem “cultura, história, cultura de vitórias” e é “dos sócios e para os sócios”. “É desta forma que teremos de atingir esta sustentabilidade financeira, atacá-la como prioridade para continuarmos a ser um clube de associados. Eu acho que, tal como disse em campanha eleitoral, é sempre uma vantagem competitiva ser um clube de associados por estarmos vinculados de forma emocional a estes valores e a esta cultura que se transporta no tempo”, defendeu Villas-Boas.

Questionado sobre a realização de eventuais auditorias nos próximos tempos, o líder azul e branco assegurou que a sua direção vai “proceder às auditorias forenses a partir de julho”, de modo a conseguir “atuar nos próximos quatro a seis meses”. Relativamente à dívida do FC Porto, André Villas-Boas assegurou que a mesma vai “ser paga de todas as formas”, mas para isso terá existir “uma nova colocação da marca FC Porto no mercado” e um “crescimento do futebol português”.

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“É muito importante os clubes portugueses sentarem-se e pensarem no futuro do futebol português. O futebol português foi altamente penalizado recentemente por conta da queda do ranking do coeficiente de países da UEFA. E a situação com a qual nos deparamos é que nesta fase os três grandes já não entram na Liga dos Campeões. O que torna ainda mais difícil a sua própria sustentabilidade imediata. Há outras razões que estão relacionados com a colocação do produto do futebol português. Isso passa muito por um novo diálogo entre os clubes e também entre a Liga e a Federação”, sugeriu Villas-Boas.

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Nesse sentido, o presidente portista garante que está disponível para estabelecer relações oficiais com Frederico Varandas e Rui Costa, presidentes de Sporting e Benfica, respetivamente. “Apesar das divergências no campo, é preciso separá-las do crescimento da marca e do futebol português. Tem de haver diálogo constante entre as partes. Da parte do FC Porto há abertura, porque, como estamos, temos de recuperar o lugar no ranking rapidamente, que perdemos para os Países Baixos, e oferecer o melhor produto aos clientes do futebol português”, sublinhou.

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No que concerne à equipa principal de futebol do clube, André Villas-Boas garantiu que Pepe vai deixar o clube, embora tenha “o máximo de respeito pela sua carreira”. “Há um caminhar diferente e há também uma preocupação, de certa forma, do novo FC Porto em reduzir a massa salarial e os custos. Isto foi claramente explicado ao Pepe e ele entendeu assim. Irá tomar a decisão que entender relativamente à sua carreira e as portas do FC Porto estarão sempre abertas para ele”, reiterou o líder portista.

Relativamente a Vítor Bruno, a sua aposta para o comando técnico do FC Porto, Villas-Boas explicou que a escolha do antigo adjunto partiu de si, de “Andoni Zibizarreta [diretor desportivo] e Jorge Costa [diretor do futebol]”, com os três a fecharem o assunto “relativamente rápido”. “Tivemos reuniões que nos ditaram que este era o caminho a seguir. Temos muita confiança no trabalho que o Vítor possa desenvolver”, completou, assegurando que a direção vai oferecer ao novo treinador “plantéis competitivos”.

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A fechar, o presidente portista voltou a assinalar o desejo de homenagear o antigo treinador, Sérgio Conceição, assegurando que continua disponível: “Posso garantir que os 365 dias do ano estão disponíveis para quando ele entender”. Quanto aos protocolos existentes com as claques do FC Porto, Villas-Boas revelou que os mesmos “não beneficiavam o clube em determinados aspetos” e assegurou que a sua direção quer que “este protocolo seja muito mais específico”, desejando receber “muito mais informação por parte da Associação Super Dragões”.

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