Esta terça-feira abriu com o jogo que menos interessava aos portugueses, mas que ao mesmo tempo podia ser aquele que mais interessava, caso a combinação de resultados fosse favorável. Apesar do maior ou menor interesse, Turquia e Geórgia abriram o grupo F do Campeonato da Europa de 2024, em Dortmund.

Na batalha das redes sociais, os turcos chegavam a este jogo como campeões da Europa… da cerveja. Desengana-se quem pense que Portugal não vendeu cara a derrota. No fim de semana, os internautas do X (antigo Twitter) uniram-se para derrotar a Turquia na meia-final da “competição”. Com a Super Bock a representar o nosso país, o movimento impactou de tal forma a comunidade que FC Porto, Sporting, Liga Portugal, páginas de fãs de Cristiano Ronaldo e comentadores políticos juntaram-se para tentar superar os turcos. Sem sucesso. No final, os mais de 150 mil votos na cerveja nacional foram infrutíferos.

Porém, na competição que verdadeiramente importa – alguns discordarão –, a desforra acontecerá no sábado. Mas antes, a seleção turca tinha pela frente a estreante Geórgia e contava com um estonteante apoio na Alemanha, país onde residem cerca de três milhões de turcos. As escolhas de Vincenzo Montella foram afetadas por lesões de última hora, mas a Turquia estava longe de ser presa fácil. Com nomes como Orkun Kökçü, jogador do Benfica, Arda Güler ou Kenan Yildiz a juntarem-se à experiência de Hakan Çalhanoglu,estrela crescente assumia-se como uma candidata a passar aos oitavos de final.

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Já a Geórgia, com uma equipa bem mais modesta e longe da experiência dos turcos neste patamar, almejava dificultar a vida aos rivais do agrupamento. Incontornavelmente, Kvicha Kvaratskhelia assumia-se como a estrela da companhia, mas contava com a ajuda de Giorgi Mamardashvili e Georges Mikautadze para superar os adversários. O primeiro era a Turquia e a missão não se perspetivava fácil.

Geórgia (Grupo F). A história já está feita, mas ao som de Kvaradona tudo é possível

Foi desta forma que turcos e georgianos entraram em campo no Westfalenstadion, num dia marcado pela forte chuva que caiu em Dortmund, levando a estrutura do estádio a não conseguir conter a água, e aos confrontos entre adeptos das duas equipas nas bancadas. No relvado, Kökçü foi titular, a par da estrela Güler. Como seria de esperar, a estrela crescente entrou mais dominadora e dispôs de várias ocasiões nos primeiros minutos, com destaque para o remate ao poste de Ayhan (10′). Contudo, logo na resposta, Mekvabishvili atirou para uma grande intervenção de Günok (11′).

Os primeiros avisos estavam dados e os sinais apontavam para o que viria a acontecer pouco depois. A Turquia acabou por chegar ao golo inaugural, através de um grande pontapé de Müldür, que subiu até à área para fuzilar as redes de Mamardashvili (25′). Todavia, pouco depois, Mikautadze respondeu da mesma moeda, empatando o jogo com um remate rasteiro e de primeira (32′). A incerteza manteve-se até ao intervalo, mas o resultado não sofreu mais alterações na primeira parte.

Na etapa complementar, os turcos voltaram a entrar melhor e, nos primeiros segundos, Müldür apareceu com perigo, mas não conseguiu finalizar da melhor forma (46′). Perante isso, Willy Sagnol mudou a postura defensiva e, na segunda parte, a Geórgia apresentou um 5x4x1 sem bola, de modo a procurar fechar o espaço para a sua baliza. E a missão revelou-se bem sucedida… até Güler aparecer. Com um grande pontapé de fora da área, o jogador do Real Madrid colocou a bola fora do alcance de Mamardashvili e recolocou os turcos em vantagem (65′).

Determinados a voltar a empatar o marcador, os georgianos partiram para o ataque e, numa clamorosa oportunidade, Kochorashvili acertou em cheio na trave da baliza de Günok (70′). A Turquia assumiu o controlo do encontro na parte final e continuou a criar perigo, com Mamardashvili a evidenciar-se, impedindo o golo a Yazici (87′). A fechar, Kochorashvili teve o empate nos pés, mas rematou ao lado (90+3′). Seguiu-se um remate ao poste de Kvaratskhelia (90+6′) e, na sequência de um canto em que Mamardashvili subiu à área turca, Aktürkoglu fechou as contas de baliza aberta (90+7′). Estava, assim, sentenciada a vitória turca nesta primeira jornada do Europeu.

A pérola

  • Há melhor pérola do que Arda Güler? Há um ano, o médio de 19 anos levou o Real Madrid a pagar 20 milhões de euros pelo seu passe, mas o valor parece substancialmente baixo, muito por conta do que o turco apresenta dentro de campo. Apesar de não ter feito uma grande primeira parte, Güler apareceu no segundo tempo e a tempo de garantir a vitória da sua equipa com um grande remate de fora da área.

O joker

  • Que exibição de Samet Akaydin! Aos 30 anos e apesar da inexperiência – sete internacionalizações –, o defesa central do Panathinaikos assume-se como titular da seleção turca num Europeu e, pela primeira amostra, promete não ficar por aqui. Com uma grande exibição defensiva, Akaydin fechou o jogo com sete duelos ganhos, seis alívios e um desarme enquanto último defesa.

A sentença

  • A Turquia começou a vencer e está, por agora, na liderança isolada do Grupo F. Melhor era impossível. A exibição podia ter sido melhor, mas a equipa de Vincenzo Montella deu um passo importante rumo aos oitavos de final. Falta confirmar esse estatuto diante de Portugal, na próxima jornada.

A mentira

  • Apelidar Kvicha Kvaratskhelia de “mentira” é um pouco excessivo para aquilo que o avançado fez e continua a fazer nos principais palcos do futebol europeu. No entanto, o jogador do Nápoles passou completamente ao lado do jogo desta terça-feira, numa altura em que a Geórgia mais precisava de si. A estreia fica marcada por uma exibição cinzenta do melhor jogador do futebol georgiano.