“Relative Calm”
De Lucinda Childs e Robert Wilson | CCB, Lisboa, 12 e 13 de julho
Cada encenação do norte-americano Robert Wilson no Festival de Almada é um acontecimento. O primeiro foi em 2019, com Mary said what she said, protagonizada por Isabelle Hupert. Quatro anos depois, foi a vez de I was sitting on my patio (2023), concebida em parceria com Lucinda Childs. Agora, Bob Wilson torna ao mais importante evento teatral do país com Relative calm, de novo uma colaboração com a coreógrafa naquele que é a joia da coroa da programação da 41ª edição do festival.
Criada originalmente em 1981, estas duas figuras maiores da cena moderna dedicaram-se durante a pandemia à sua recriação e vão mostrá-la no Grande Auditório do CCB para uma plateia há muito esgotada.
Com uma notável exploração plástica da cena e visitando ambientes musicais tão distintos quanto os de Jon Gibson (Rise), Igor Stravinsky (suíte Pulcinella), e John Adams (Light over water), em Relative calm a dupla Wilson/Childs cria, mais do que uma remontagem, uma nova versão desta peça em três partes intercaladas por leituras por Lucinda Childs dos diários de Nijinsky, um dos mais famosos bailarinos do século XX.
Centro Cultural de Belém (Grande Auditório), Lisboa. 12 e 13 de julho. Sexta-feira, às 21h, sábado, às 19h. Bilhetes entre €24 e €40.
“Entrelinhas”
De Tiago Rodrigues e Tónan Quito | Incrível Almadense, Almada, 13 a 16 de julho
Em virtude do cancelamento de uma peça programada, uma surpresa aterrou à última hora no Festival de Almada: Entrelinhas, monólogo que o dramaturgo e encenador Tiago Rodrigues escreveu para o ator Tónan Quito, e que se estreou em 2013 no Teatro São Luiz, em Lisboa. Nele, um ator explica ao seu público por que motivo não conseguiu construir o espetáculo que estava prometido, falhando todos os prazos, percorrendo uma série de acidentes tão reais quanto literários.
Retrato da longa relação entre o autor e o ator, a peça esmiúça o muro que divide a realidade da ficção, misturando o texto de Édipo Rei, de Sófocles, com as cartas de um preso para a sua mãe. Depois de se apresentar num festival na China no final de junho, Entrelinhas mostra-se em Almada e torna à cena em novembro, com apresentações únicas em Santarém (8) e na Marinha Grande (16).
Incrível Almadense (Salão de Festas), Almada. 13 a 16 de julho. Sábado e domingo, às 15h, segunda, às 21h30 e terça, às 19h.
Festival Vaudeville Rendez-Vous
Vários espetáculos | Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão
Durante cinco dias, os habitantes e visitantes de Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão arriscam-se a encontrar pelas ruas uma performance de circo contemporâneo. O Festival Internacional Vaudeville Rendez-Vous, uma iniciativa promovida pelo Teatro da Didascália, faz dez anos, e leva uma série de espetáculos a espaços como praças a jardins até, pela primeira vez, salas convencionais destas cidades.
Há mais de duas dezenas de apresentações de 11 espetáculos, incluindo cinco estreias nacionais que, entre cordas, escadas e acrobacias, propõem novas formas olhar as artes circenses. Entre os destaques do certame, destaca-se a única apresentação de C’est pas là, c’est par là, da companhia Galmae, sediada em Marselha e Seul, em que a audiência será a protagonista da performance do artista sul-coreano Juhyung Lee, que, utilizando uma corda, promove a interação entre desconhecidos e a busca pelo sentido de comunidade. Acontece no dia 18 de julho, às 22h00, no Largo do Pópulo, em Braga.
Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão. 16 a 20 de julho. Vários locais e horários.
“À Primeira Vista”
De Suzie Miller, com encenação de Tiago Guedes | Teatro Maria Matos, Lisboa, 17 de julho a 10 de agosto
Quando em 2022, o monólogo Prima Facie, da dramaturga australiana Suzie Miller, se estreou em Londres, algo pouco comum aconteceu: uma peça extravasou as páginas dedicadas à cultura da imprensa britânica. O texto, sobre a forma como os sobreviventes de agressões sexuais são tratados pela justiça, gerou um intenso debate cultural no Reino Unido sobre a violência sobre as mulheres no contexto judicial. A peça, interpretada pela atriz Jodie Comer, fez sucesso no West End e na Broadway, ganhou prémios, e levou mesmo Miller a expandir o texto para o formato de romance.
Prima Facie, o título original, é uma expressão jurídica latina que significa “à primeira vista”. É uma pista para descobrir este poderoso monólogo sobre uma advogada habituada a defender clientes acusados de assédio sexual até que, ela própria, é vítima de violação. Em Portugal, a peça é levada à cena pela atriz Margarida Vila-Nova e marca o regresso do cineasta Tiago Guedes ao teatro depois de A matança ritual de Gorge Mastromas, em 2019.
Teatro Maria Matos, Lisboa. De 17 de julho a 10 de agosto. Quinta a sábado, às 21h, domingo, às 17h. Bilhetes a €20.
“Território VII”
De Akram Khan e Jermaine Spivey | Teatro Nacional São João, Porto, 19 e 20 de julho
A sétima edição do programa Território, dos Estúdios Victor Córdon, que proporciona a jovens bailarinos, entre os 14 e os 18 anos, de instituições de ensino de dança de todo o país, uma experiência de trabalho com dois coreógrafos de dimensão internacional, traz a Portugal o coreógrafo britânico Akram Khan e o norte-americano Jermaine Spivey.
Akram Khan, figura cimeira da dança mundial, e Jermaine Spivey, artista associado da Opera Ballet Vlaanderen, na Bélgica, juntam-se num espetáculo que integra um excerto de Kaash – performance de Akram Khan criada em colaboração com o músico Nitin Sawhney e o artista plástico Anish Kapoor – e uma nova criação de Spivey.
Após a estreia no Porto, seguem-se apresentações no Teatro Aveirense, em Aveiro, a 23 de julho, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, a 27 de julho, e no Festival ao Largo, em Lisboa, nos dias 31 de julho e 1 de agosto.
Teatro Nacional São João, Porto. 19 e 20 de julho. Sexta-feira, às 21h, sábado, às 19h. Bilhetes a €5.