O grupo “Patriotas pela Europa”, a nova família política europeia criada por Viktor Orbán, vai ter um vice-presidente do Chega, apurou o Observador junto de fonte próxima do processo. António Tânger-Corrêa foi o eleito para o cargo, confirmou o partido, já durante a tarde desta segunda-feira.

Em comunicado, o embaixador Tânger-Corrêa sublinha o “sentimento que levou à constituição deste grupo, e que tem a ver com o distanciamento e o crescimento de um estado central europeu de costas voltadas para a realidade das nações e das comunidades que constituem a nossa casa europeia, e que não queremos perder”.

Nos últimos dias a nova família política tem estado em constantes conversações para escolher os nomes que vão liderar o grupo. O Observador avançou ao final da manhã que Jordan Bardella, líder do União Nacional, estava indicado e à beira de ser o novo presidente deste grupo, o que foi confirmado oficialmente uma hora depois. Bardella foi eleito na reunião constitutiva e, como não estava presente, foi Jean-Paul Garraud, da União Nacional, a falar em nome do recém-eleito líder.

“Os Patriotas pela Europa representam a esperança para as dezenas de milhões de cidadãos das nações europeias que valorizam a sua identidade, a sua soberania e a sua liberdade. Como forças patrióticas, vamos trabalhar juntos para retomar as nossas instituições e reorientar as políticas para servir as nossas nações e os nossos povos”, disse Bardella, citado em comunicado.

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Desde que Viktor Orbán anunciou a formação de uma nova família política que se falava da possibilidade de a União Nacional, de Marine Le Pen, se juntar aos Patriotas pela Europa, tendo sido esse anúncio constantemente adiado devido às eleições legislativas francesas — cuja segunda volta acabou por se tornar uma derrota para Le Pen.

Nas conversações, o partido francês não só esteve na primeira linha como ficará com o cargo mais relevante da família política, tendo em conta o peso de Le Pen. Esta decisão deverá pôr fim ao Identidade e Democracia (ID) tendo em conta que os principais partidos de direita radical e extrema-direita estão a alinhar-se neste grupo, com o intuito de criar uma família mais forte. Por perceber está ainda a hipótese de Meloni deixar o ECR e se juntar a este grupo.

O italiano La Lega de Matteo Salvini e o espanhol Vox também vão integrar esta família europeia. O Vox vai ter direito a um dos seis cargos de vice-presidente — segundo o jornal espanhol El Independiente, o cargo vai ser ocupado por Hermann Tertsch.

Esta família europeia vai ter 30 eurodeputados da União Nacional, mais oito do italiano La Lega, 11 do partido do húngaro Viktor Orban, seis eurodeputados austríacos do FPÖ, seis dos PVV dos Países Baixos e outros seis do Vox. Também contará com três eurodeputados do belga Vlaams Belang, dois deputados do Chega e um do partido popular dinamarquês, nota o jornal espanhol El Independiente. 

(Atualizada às 17h14 com comunicado sobre a vice-presidência de Tânger-Corrêa)