O Euro 2024 começou entusiasmante, com Áustria, Geórgia, Turquia ou Roménia a lançarem dúvidas e muitos dos analistas e especialistas a apressarem-se a definir este Campeonato da Europa como um dos melhores das últimas décadas. A entrada na fase a eliminar, porém, aborreceu os jogos, acalmou o ritmo e reduziu a intensidade — e era nesse contexto que, este domingo e no Olímpico de Berlim, Espanha e Inglaterra discutiam quem era o novo campeão europeu.

De um lado, em Espanha, a equipa de Luis de la Fuente chegava à final do Euro 2024 apenas com vitórias e enquanto grande favorita à conquista do troféu. “Se não estivermos um bocadinho acima do nível dos últimos jogos, se não estivermos mais concentrados para não cometer erros e para fazer tudo o que se tem de fazer para vencer um grande rival, não vamos ter hipóteses. Com os jogadores que temos é difícil renunciar ao nosso estilo. Se não formos Espanha, não vamos ter oportunidade de ganhar. Se estamos aqui é porque fomos fiéis à nossa ideia. A ambição que tenho não é grátis, foram os jogadores que a conquistaram”, explicou o selecionador espanhol na antevisão.

Ficha de jogo

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Espanha-Inglaterra, 2-1

Final do Euro 2024

Estádio Olímpico de Berlim, em Berlim (Alemanha)

Árbitro: François Letexier (França)

Espanha: Unai Simón, Dani Carvajal, Le Normand (Nacho, 83′), Laporte, Marc Cucurella, Rodri (Zubimendi, 45′), Fabián Ruiz, Lamine Yamal (Mikel Merino, 89′), Dani Olmo, Nico Williams, Álvaro Morata (Mikel Oyarzabal, 68′)

Suplentes não utilizados: David Raya, Álex Remiro, Dani Vivian, Joselu, Ferran Torres, Álex Grimaldo, Álex Baena, Jesús Navas, Fermín López

Treinador: Luis de la Fuente

Inglaterra: Jordan Pickford, Kyle Walker, John Stones, Marc Guéhi, Bukayo Saka, Kobbie Mainoo (Cole Palmer, 70′), Declan Rice, Luke Shaw, Phil Foden (Ivan Toney, 89′), Harry Kane (Ollie Watkins, 61′), Jude Bellingham

Suplentes não utilizados: Aaron Ramsdale, Dean  Henderson, Trent Alexander-Arnold, Kieran Trippier, Ezri Konsa, Lewis Dunk, Conor Gallagher, Anthony Gordon, Jarrod Bowen, Eberechi Eze, Joe Gomez, Adam Wharton

Treinador: Gareth Southgate

Golos: Nico Williams (47′), Cole Palmer (73′), Mikel Oyarzabal (86′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Harry Kane (25′), a Dani Olmo (31′), a John Stones (53′), a Ollie Watkins (90+2′)

Do outro lado, em Inglaterra, a equipa de Gareth Southgate chegava à final do Euro 2024 com muitas dúvidas e três decisões no prolongamento. “As últimas cinco ou seis semanas têm sido uma autêntica montanha-russa. Não sei bem o que dizer sobre nada, a não ser a certeza de que estamos concentrados na preparação da equipa para este jogo e estamos determinados para continuar a liderar este grupo da forma que procurámos fazer no último mês”, atirou o selecionador britânico.

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Neste contexto, em Berlim, Luis de la Fuente só não contava com o lesionado Pedri e recuperava os anteriormente castigados Carvajal e Le Normand, lançando o onze mais habitual com Dani Olmo no meio-campo e Lamine Yamal e Nico Williams no apoio a Morata. Gareth Southgate tinha a equipa na máxima força e só trocava Trippier por Luke Shaw na ala esquerda, mantendo o jovem Kobbie Mainoo perto de Declan Rice no meio-campo.

Numa primeira parte que terminou sem golos, nem Espanha ou Inglaterra conseguiram assumir uma verdadeira superioridade ou domínio. Os espanhóis tinham mais bola, como seria de esperar, e os ingleses apostavam na solidez defensiva para depois lançar o contra-ataque, sendo que nenhuma das equipas conseguiu propriamente implementar a própria estratégia e a primeira parte ficou resumida a 45 minutos de nada.

Nico Williams conseguia desequilibrar na esquerda, com John Stones a ter algum ascendente no confronto direto com o avançado, e Inglaterra e Espanha iam dividindo pequenos instantes de maior ascendente sem quaisquer consequências práticas. O único remate enquadrado da primeira parte apareceu já nos descontos, com Phil Foden a obrigar Unai Simón a uma defesa a dois tempos (45+2′), e a final do Euro 2024 chegou ao intervalo sem uma verdadeira oportunidade de golo.

Luis de la Fuente foi forçado a mexer ao intervalo, devido a problemas físicos de Rodri, e lançou Zubimendi. Aos dois minutos da segunda parte, o marcador mexeu: enorme jogada coletiva de Espanha, com Carvajal a deixar em Yamal e o jovem avançado a assistir Nico Williams, que atirou cruzado já na área e sem qualquer hipótese para Pickford (47′). Dani Olmo poderia ter aumentado a vantagem logo depois, com um remate ao lado (49′), e os espanhóis iam dominando sem permitir qualquer reação a Inglaterra.

Gareth Southgate mexeu à hora de jogo, procurando o truque da meia-final ao trocar Harry Kane por Ollie Watkins, e Jude Bellingham ficou muito perto do empate com um remate à meia volta que passou ao lado (64′). Espanha quis deixar claro que não tinha adormecido, com Yamal a obrigar Pickford a uma defesa apertada (67′), e Luis de la Fuente voltou a mexer nessa altura ao trocar Morata por Oyarzabal, com Southgate a responder com a entrada de Cole Palmer para o lugar de Mainoo.

E o impacto foi quase imediato. Saka desequilibrou na direita, deixou na área e Bellingham amorteceu para trás, com Cole Palmer e rematar em jeito para empatar o jogo e relançar a final (73′). Tudo ficou muito mais equilibrado na reta final, com Yamal a ficar perto do golo com um remate em jeito que Pickford defendeu (82′), mas a decisão fez-se na ponta final: Olmo descobriu Oyarzabal no meio, Cucurella deu largura na esquerda e cruzou novamente para a área, onde o avançado voltou a aparecer para ser decisivo (86′).

Dani Olmo foi crucial já nos últimos instantes, evitando o golo de Marc Guéhi em cima da linha (90′), e já nada mudou. Espanha venceu Inglaterra e conquistou o Euro 2024, tornando-se campeã europeia 12 anos depois da última vez e sagrando-se a primeira a ser tetracampeã e cumprindo a ideia de que foi sempre, constantemente e regularmente a melhor equipa da competição. Em Berlim, os miúdos deram uma lição aos senhores — e o futebol ganhou.