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Passou exatamente uma semana desde que uma aula de dança temática, dedicada à cantora Taylor Swift, na região britânica de Southport acabou em tragédia. Três crianças, incluindo a portuguesa Alice da Silva Aguiar, morreram e o ataque desencadeou uma série de protestos anti-imigração por todo o país. Esta segunda-feira, dia em que os confrontos devem continuar, o gabinete interministerial de crise COBRA reuniu-se de emergência.

No final da reunião, Keir Starmer disse que a sua prioridade “absoluta” é colocar um fim à desordem e sublinhou que as “sanções penais devem ser rápidas” para os envolvidos nos violentos confrontos. O primeiro-ministro britânico considerou “intolerável” o facto de as mesquitas terem sido alvo de ataques: “Não se tratou de um protesto, tratou-se de violência”.

Starmer sublinhou também que haverá espaço suficiente nas prisões para prender os responsáveis pelo arremesso de todo o tipo de objetos, como pedras e garrafas, contra os agentes da autoridade e pelo ataque a mesquitas e a um hotel que acolhe requerentes de asilo. “Vamos fazer com que isto funcione e vamos certificar-nos de que temos os lugares necessários [nas prisões] para levar rapidamente os responsáveis à justiça”, acrescentou.

Antes da reunião do COBRA (Cabinet Office Briefing Room), Yvette Cooper, ministra da Administração Interna do Reino Unido, também já tinha avisado que as prisões estão “prontas” para o que classificou como uma “minoria criminosa” e “delinquente” que protesta em todo o país. No fim de semana mais de 140 pessoas foram detidas e a governante disse que os tribunais estão em “prontidão” para garantir uma “justiça rápida”.

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Em declarações à BBC, Yvette Cooper afirmou que aqueles que estiveram envolvidos nas manifestações violentas “não falam em nome da Grã-Bretanha” e revelou que, apesar dos vários pedidos que têm surgido, o parlamento não será convocado “neste momento” para debater o tumulto. Ainda assim, garantiu que o governo está em permanente contacto com os deputados.

Vários deputados têm pedido que a Câmara dos Comuns (a câmara baixa do parlamento britânico) encurte as férias face aos protestos. Nigel Farage, líder do partido Reform UK, mostrou-se “totalmente chocado com os níveis de violência vistos nos últimos dias” e disse que não pode ser descartada a utilização do exército, caso os protestos continuem a aumentar de tom. “Temos de ter um debate mais honesto sobre estas questões vitais e dar às pessoas a confiança de que existem soluções políticas que são relevantes para elas”, escreveu na rede social X, defendendo que a “convocação do parlamento seria um bom começo para isso”.

Na região britânica de Southport está marcada para esta segunda-feira à tarde uma homenagem às vítimas do ataque da semana passada. A comunidade vai enviar “bolhas de sabão para o céu” em memória das três crianças que morreram.

Ao longo dos últimos dias, a violência dos confrontos, associados à extrema-direita, tem escalado no Reino Unido e o primeiro-ministro britânico, Keir Stramer, já avisou que os manifestantes “vão arrepender-se”. Há mais de uma década que o país não registava uma onda de violência desta dimensão, desde que, em 2011, milhares saíram às ruas contra a atuação da polícia britânica, que tinha matado a tiro um homem negro.

Protestos anti-imigração no Reino Unido sem fim à vista. Desordeiros “vão arrepender-se”, avisa Starmer