A comissão eleitoral da Tunísia anunciou a lista preliminar de três candidatos às eleições presidenciais de outubro, que inclui o atual Presidente Kais Saied, após a rejeição de outras 14 candidaturas.

Além de Saied, os outros dois candidatos são o secretário do Movimento Al Chaab (Movimento Popular, social-democrata), Zouhair Maghzaoui, e o líder do movimento estudantil Azimoun, Ayachi Zammel.

Maghzaoui, um antigo deputado que defende o pan-arabismo, apelou às instituições do Estado para que sejam neutras e garantam o “princípio da igualdade” de oportunidades entre os diferentes candidatos.

“Que a competição seja justa e moral baseada em ideias, programas e perceções”, pediu o candidato, no Facebook.

Citado pela agência noticiosa estatal TAP, o presidente da Instância Superior Eleitoral Independente (ISIE), Faruk Buasker, disse numa conferência de imprensa que se trata de uma lista provisória, feita após uma primeira análise das candidaturas, mas não especificou quando será publicada a lista definitiva.

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Na terça-feira, a justiça tunisina anunciou a condenação a dois anos de prisão da opositora Abir Moussi, líder do Partido Destouriano Livre (PDL) – que agrupa os nostálgicos do antigo regime da Tunísia -, por difamação contra a comissão eleitoral.

O tribunal de primeira instância de Tunes também condenou a oito meses de prisão outras três figuras políticas que haviam declarado a sua intenção de participar na votação.

A defesa de Moussi denunciou uma perseguição judicial para excluir a opositora da vida política e das eleições presidenciais.

De acordo com as poucas sondagens oficiais publicadas, Moussi, também advogada, seria a segunda candidata mais votada depois de Kais Saied.

Os partidos políticos e as organizações da sociedade civil alertaram para um “clima de medo e intimidação” devido à detenção de potenciais candidatos, bem como à repressão “contra todos os que criticam a atuação ou a parcialidade” da ISIE.

Outras figuras da oposição detidas, como Issam Chebbi e Ghazi Chaouachi, acusados de conspiração contra o Estado, tinham anunciado a intenção de concorrer às presidenciais, mas desistiram por não terem obtido uma procuração especial para se fazerem representar durante o processo.

No final de julho, uma dúzia de políticos, incluindo Nizar Chaari, uma figura destacada dos ‘media’ tunisinos, Kamel Akrout, um almirante reformado, e Abdellatif Mekki, um ex-ministro, emitiram uma declaração denunciando as restrições à liberdade de candidatura.

Cerca de 30 organizações não-governamentais (ONG), entre as quais a Liga Tunisina dos Direitos Humanos, condenaram as “detenções arbitrárias” de candidatos.

As ONG denunciaram uma autoridade eleitoral que “perdeu a sua independência” e “uma monopolização do espaço público” com “a utilização de recursos do Estado para favorecer um candidato”.