A tarifa regulada é a opção mais barata para quem estiver à procura de um contrato que junte eletricidade e gás natural. De acordo com o boletim de ofertas comerciais da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) para o terceiro trimestre, o mercado regulado ganha às elétricas nos três tipos de consumidor analisados, com uma diferença que oscila entre os 2,7 euros mensais para os consumos mais reduzidos — casal sem filhos com potência contratada de 3,45 kVA — e os 4 euros por mês nos maiores consumidores — casal de quatro filhos com potência contratada de 13,8 kVA. Para um casal com dois filhos e potência contratada de 6,9 kVA, a tarifa regulada permite agora uma poupança mensal de 3,8 euros.

Estas poupanças resultam da comparação entre as ofertas comerciais e as tarifas reguladas no bi-horárias.

Neste segmento, a Galp Energia surge como a comercializadora mais bem posicionada com preços mais próximos da tarifa regulada, seguida da Goldenergy. A EDP Comercial tem a oferta menos competitiva das oito analisadas pela ERSE para os consumidores de maior procura, e está em sexto na lista das ofertas mais baratas para os consumidores de menor consumo.

Esta situação de maior competitividade das tarifas reguladas corresponde a uma inversão da tendência verificada nos trimestres anteriores, nos quais “a oferta padrão dual de menor valor” (das elétricas) vinha a ganhar competitividade face à tarifa regulada.

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Na origem desta inversão está o aumento do preço da eletricidade nos mercados grossistas que se verifica no verão, devido a um maior recurso a fontes que usam combustíveis fósseis (gás natural) para compensar a natural quebra da oferta hídrica. Este aumento passa rapidamente para os preços retalhistas quando existem ofertas comerciais indexadas ao mercado, que se tornaram muito atrativas desde o ano passado por causa dos preços muito baixos registados no Mibel (mercado ibérico de eletricidade).

Preço anormal na eletricidade está a chegar à fatura, mas também traz custos e pode obrigar a rever tarifas

Esta evolução é percetível quando se comparam as ofertas disponíveis no segundo trimestre com as que existem para o período de julho a setembro. Entre abril e junho, existiam três a cinco ofertas comerciais mais atrativas do que a tarifa regulada para os contratos com luz e gás — em função do tipo de consumidor. Agora não há nenhuma.

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Já quando se olha para as ofertas comerciais apenas de eletricidade, o número de ofertas comerciais que batem a tarifa regulada caiu substancialmente face ao trimestre anterior — de 16 para 4 nos menores consumos, de 17 para sete nos consumos intermédios e de 18 para 12 nos grandes consumidores. E o número de ofertas de tarifa indexada caiu substancialmente. No segundo trimestre do ano, os preços médios diários do mercado grossista de eletricidade foram de 34,6 euros por MW hora, com muitos períodos com preços negativos. Nas última semanas, voltaram preços médios diários acima dos 100 euros por MW hora.

No caso do gás natural, a tarifa regulada permanece a mais competitiva do que todas as ofertas das comercializadoras, uma situação que dura há mais de um ano e que foi o resultado da crise no preço do gás registada no ano de 2022. Nestes contratos, a poupança face à segunda mais barata (oferta condicionada da Galp) pode ir dos 2,4 euros mensais — casal sem filhos e sem aquecimento central — até cinco euros e 12 euros nos maiores consumos — casal com dois filhos e sem aquecimento central e casal com quatro filhos e aquecimento central, respetivamente.

Desde o final de 2022 que os consumidores domésticos podem voltar à tarifa regulada do gás natural, uma possibilidade que antes só existia para a eletricidade. Esta circunstância excecional foi aprovada pelo anterior Governo como temporária para responder a aumentos muito significativos das faturas no mercado livre em 2022. Mas tem-se mantido. Em maio existiam 887 mil clientes na tarifa regulada da eletricidade e 447 mil na do gás natural. Para estes clientes, as tarifas são fixadas anualmente pela ERSE, estando sujeitas a revisões trimestrais em função das condições de mercado.