O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou em março um plano nuclear confidencial que pela primeira vez reorienta a estratégia dissuasora do país para se focar na rápida expansão do arsenal nuclear chinês.

Em causa está o documento “Nuclear Employment Guidance” (“Orientações para o uso nuclear”, em português) que, nota o jornal, é atualizado a cada quatro anos, mas desta vez a revisão e aprovação foi mantida em segredo, não tendo sido divulgado qualquer anúncio por parte da Casa Branca.

“O presidente emitiu recentemente uma guia de implementação de armas nucleares para ter em conta os múltiplos adversários”, revelou Vipin Narang, um dos especialistas em estratégia nuclear que trabalham para o Pentágono, no início deste mês, sublinhando que havia mudanças nas linhas de pensamento, com uma atenção especial para “o aumento significativo no tamanho e diversidade” do arsenal nuclear da China.

De acordo com o The New York Times, a “parceria emergente” entre a Rússia e a China e as armas convencionais que a Coreia do Norte e o Irão estão a fornecer à Rússia para a guerra na Ucrânia alterou a estratégia de Washington. Mais do que isso, no documento são abordadas as ambições nucleares da China, determinada a atingir ou superar os arsenais americanos e russos.

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Segundo o diário, Washington manifesta preocupação sobre a paragem das conversações com a China sobre a melhoria da segurança nuclear, sendo que o documento examina em detalhe se os Estados Unidos estão preparados para enfrentar crises nucleares ou uma combinação de armas nucleares e não nucleares.

O novo documento funciona como uma espécie de lembrete a quem vencer as próximas eleições presidenciais dos EUA, já que o cenário nuclear sofreu muitas alterações e é “muito mais volátil” do que existia há apenas três anos, designadamente com as ameaças de Vladimir Putin sobre a possível utilização de armas nucleares na Ucrânia.

Em reação ao artigo do jornal norte-americano, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, MaoNing, referiu, numa conferência de imprensa, que “a China está seriamente preocupada com o relatório em questão” e argumentou que “os factos provaram que os EUA têm constantemente fomentado a chamada teoria da ameaça nuclear da China nos últimos anos”.

O responsável assegura ainda a China “não está numa corrida ao armamento com nenhum país” e criticou os EUA: “Estão a vender a narrativa da ameaça nuclear da China, encontrando desculpas para procurar uma vantagem estratégica.”