Os procuradores sicilianos anunciaram este sábado a abertura de um inquérito por homicídio involuntário por negligência após o naufrágio de um iate que fez sete mortos perto de Palermo, indicando que as investigações ainda estão no início.

Ainda assim, as primeiras pistas já trazem algumas novidades, incluindo a ideia de que afinal o naufrágio não terá sido causado por uma tromba de água, mas antes por um fenómeno chamado “downburst”.

“Não excluímos nada”, declarou numa conferência de imprensa o procurador do Ministério Público italiano Ambrogio Cartosio, após o naufrágio do veleiro de luxo “Bayesian” durante uma tempestade na madrugada de segunda-feira.

Os 16 minutos que podiam ter salvado vidas. Investigação acredita que “cadeia de erros humanos” levou ao desastre no naufrágio na Sícilia

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A abertura do inquérito surge depois de fontes da investigação terem sugerido, como revelava esta semana a imprensa italiana, que o desfecho trágico se deveu sobretudo a uma “cadeia de erros humanos”. Agora, durante esta conferência de imprensa, os procuradores disseram estar a olhar para a responsabilidade da tripulação e que será importante analisar o comportamento do capitão.

Outra novidade foi a ideia de que não terá, afinal, sido uma tromba de água repentina a causar o naufrágio, mas antes um forte fenómeno meteorológico chamado “downburst”. Trata-se de uma rajada de vento localizada e poderosa que desce de uma tempestade e se espalha rapidamente, e de forma imprevisível, até atingir o solo, como explica aqui a BBC.

Nestas declarações, os procuradores explicaram ainda que o capitão e a tripulação não são obrigados a permanecer na Sicília durante a investigação, mas disseram que será desejável que se mantenham “disponíveis para prestar mais depoimentos” à medida que a investigação se desenrola.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o naufrágio deste navio.

Como afundou o “inafundável” Bayesian na Sicília?

Mergulhadores resgataram na sexta-feira o último corpo das seis pessoas desaparecidas no naufrágio do iate do magnata britânico da tecnologia Mike Lynch ao largo da costa da Sicília. O único corpo que ainda não tinha sido recuperado era o da filha de Lynch, Hannah, 18 anos, segundo a agência francesa AFP. Seis pessoas foram dadas como desaparecidas depois de ter sido encontrada a primeira vítima mortal na segunda-feira, o cozinheiro do navio, Recaldo Thomas.

A bordo do “Bayesian” seguiam 12 passageiros e 10 membros da tripulação. As equipas de socorro conseguiram resgatar com vida 15 pessoas, entre as quais uma criança de apenas um ano de idade.

Além do cozinheiro, do proprietário do veleiro e da filha, morreram o presidente do banco Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, a esposa Judy, o advogado do empresário Chris Morvillo e a mulher Neda. O veleiro de luxo encontra-se a uma profundidade de 50 metros ao largo de Porticiello, perto de Palermo, na ilha da Sicília.

Segundo a imprensa britânica, Lynch, conhecido como “Bill Gates britânico”, tinha organizado o cruzeiro para festejar com a família, amigos e advogados a sua absolvição, em junho, num processo de fraude nos Estados Unidos. O processo estava relacionado com a venda da empresa de ‘software’ do magnata britânico à Hewlett-Packard em 2011.

O superiate de luxo de 56 metros, construído em 2008 pelo estaleiro italiano Perini Navi, afundou-se em poucos minutos ao amanhecer de segunda-feira, após a passagem de um tornado.