Siga aqui o liveblog sobre o sismo em Portugal

Não chegou a todos os smartphones, mas alguns utilizadores de telefones Android receberam um alerta quando estava a acontecer o sismo desta madrugada. O sistema operativo da Google tem a funcionalidade de alertas de terramoto incorporada desde 2020, enviando alertas quando são detetados sismos de magnitude acima de 4,5. Por isso, era até agora uma funcionalidade praticamente desconhecida da maioria dos portugueses.

O alerta chega quase instantaneamente ao registo dos sismos, mas ainda não é possível prevê-los. No exemplo apresentado há um dos avisos que chega às 5h11, hora a que o IPMA registou a ocorrência. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Dois alertas recebidos em smartphones Android esta madrugada. Um deles tem a hora a que o sismo foi registado pelo IPMA.

A Google explica que o sistema pode enviar dois tipos de notificações, mas ambas só para sismos com magnitude acima de 4,5 na escala de Richter. É no entanto pela Escala de Mercalli Modificada (MMI), que mede a intensidade de um sismo e os efeitos sobre pessoas e estruturas, que diferencia o tipo de aviso enviado.

O primeiro tipo de alerta enviado durante o terramoto dá a indicação da magnitude do sistema que é antecipada e a que distância do telefone ocorre, normalmente em casos de um abalo ligeiro. Só é enviado para utilizadores em zonas onde o sismo atinge uma intensidade de III (fraco) e IV (moderado) na escala de Mercalli e com magnitude 4,5 na escala de Richter.

Já o segundo tipo apela à ação e pode ser enviado em casos de abalos moderados e extremos e explicando ao utilizador o que fazer, como por exemplo indicando que se deve proteger debaixo de uma mesa. É enviado para utilizadores em zonas cujo sistema tenha um registo de intensidade superior a V (forte) na escala de Mercalli e magnitude 4,5 ou superior na escala de Richter.

Sismo de 5,3 sentido de norte a sul de Portugal, com especial impacto em Lisboa. Já houve quatro réplicas, mas não há “registo de danos pessoais ou materiais”

O primeiro tipo de notificação vai respeitar as definições que estejam ativadas no telefone: volume, modo não perturbar e as notificações. O segundo, para situações extremas, vai ignorar o modo não perturbar, acendendo o ecrã do telefone e emitindo um toque bastante audível.

Os dois tipos de alerta disponíveis

Mas como funciona?

O sistema Android consegue fazer este tipo de avisos graças aos acelerómetros, uma componente que hoje em dia está presente em praticamente todos os telefones e em muitos smartwatches e dispositivos fitness. Em linhas gerais, é o que permite detetar o movimento — é usado para, por exemplo, analisar o número de passos ao longo do dia.

Os acelerómetros conseguem sentir as vibrações e a velocidade, que a Google explica que são sinais que podem sinalizar um terramoto. “Se o telefone deteta algo que pode ser considerado um sismo, envia um sinal ao servidor de deteção de terramoto, assim como a localização onde detetou o abalo”, é possível ler na página que explica a funcionalidade.

Então sempre que o telefone abanar pode ser gerado um alerta? Não. A vibração e a forma como o telefone trepida durante um sismo não é a mesma de quando se pega no dispositivo e se agita rapidamente. Além disso, é preciso que haja mais telefones a comunicar uma informação semelhante ao servidor.

É nessa etapa que o servidor vai combinar todas as informações que está a receber de possivelmente milhares de telefones para perceber o abalo esperado. Tendo em conta que há mais de dois mil milhões de smartphones Android em todo o mundo, a Google considera que consegue criar a “maior rede de deteção de sismos do mundo”. É também esse servidor de deteção que vai escolher qual dos dois tipos de notificação vai ser enviada.

O que explica que nem todos os utilizadores tenham recebido o aviso?

Nem todos os utilizadores com smartphones Android receberam a notificação, até porque a empresa explica que o alerta pode não estar disponível em todas as áreas e que nem sempre é possível detetar todos os sismos.

Mas a resposta pode ser ainda mais simples: não ter o Wi-Fi ou os dados móveis ligados, ou não ter uma localização aproximada disponível. Aliás, se não tiver a localização ativa nem sequer vai contribuir para a “mega rede” de deteção.

Como é que posso ativar?

Para ter acesso a esta funcionalidade basta abrir as definições do smartphone Android e depois procurar a opção ‘segurança e emergência’ e escolher a opção ‘alertas de terramoto’. Se não encontrar desta forma, também pode pesquisar, ainda no submenu ‘segurança e emergência’, pela opção “localização”, depois escolher ‘avançadas’ até encontrar os alertas de terramoto. Depois, basta ativar a opção. Os alertas estão ativos por defeito, explica a Google.

Nesse menu, também pode ver uma demonstração, com o telefone a emitir o tal som alto de alerta.

E para quem tem um iPhone?

Os telefones da Apple não têm esta opção de alerta de sismo nas definições. No entanto, é possível instalar algumas aplicações para saber se houve algum terramoto. O próprio IPMA tem uma aplicação, a  Sismos@IPMA, que pode ser instalada para perceber se houve algum abalo nas proximidades (está disponível para Android e iOS).