O sismo de magnitude 5,3 sentido esta segunda-feira a oeste de Sines, distrito de Setúbal, não causou danos, mas apanhou a população desta cidade de surpresa e, às primeiras horas do dia, com receio de novas réplicas.

Os relatos em torno do ‘abanão’ que a cidade de Sines sentiu durante a madrugada estão na ‘ponta da língua’ de comerciantes e dos primeiros clientes do Mercado Municipal, que partilharam com a agência Lusa aquilo que sentiram.

“Senti o sismo esta madrugada e a cama toda a abanar, mas fiquei deitada na mesma, um bocadinho assustada”, contou a cliente Dulce Correia.

Também Maria Rodrigues, uma das comerciantes do mercado, disse ter sentido o tremor de terra à saída de casa para o trabalho. “Senti mesmo quando estava a sair da porta de casa para a rua e ouvi o meu marido dizer: Sai, sai que é um sismo”, contou, acrescentando: “Tenho um bar na entrada, com algumas garrafas, e aquilo abanava tudo”.

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Mesmo ao lado, numa outra banca, Fernanda Pereira, às voltas com a organização das frutas e dos legumes, contou à Lusa que acordou com o sismo “às 05h11 da manhã”. “Acordei com o estremecer e o barulho, muito, muito barulho. Fui ver ao meu telemóvel e o ‘android’ disse-me logo para ter cuidado e deu-me as indicações que devia seguir”, relatou.

Ainda assim, continuou na cama: “Fiquei deitada à espera de outras réplicas. Estamos sempre à espera, porque pode ser sempre outra coisa qualquer”, afirmou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, disse também ter sentido o sismo, assim “como grande parte da população” desta cidade do litoral alentejano. “Os testemunhos que a proteção civil tem e o número de chamadas recebido dizem isso mesmo, que o sismo foi sentido com intensidade na cidade de Sines”, afirmou.

Mas “o mais importante é que não houve qualquer dano ou vítima, pelo que a população deve estar serena, mas estar alerta para situações que podem ocorrer de um momento para o outro”, avisou. De acordo com o autarca, depois de garantida a segurança da população, há que ter em conta, “num segundo patamar, as “infraestruturas críticas” existentes no concelho.

“Temos estado em contacto com várias entidades. Aliás, o Porto de Sines foi o primeiro a ligar para a proteção civil e, até ao momento, não há qualquer registo de ocorrências”, assim como nas restantes fábricas do complexo industrial, onde “as coisas estão a funcionar dentro daquilo que é a normalidade”, avançou.

À Lusa, também o comandante Sub-regional de Emergência do Proteção civil do Alentejo Litoral, Tiago Bugio, indicou que “não houve qualquer dano material ou pessoal” em toda a região do litoral alentejano. “Os bombeiros e a proteção civil receberam imensas chamadas de pessoas alarmadas e preocupadas com esta situação, mas sem registo de danos”, frisou.

No entanto, o responsável alertou para a necessidade de serem adotados comportamentos em caso de sismo: “Devem sair das suas habitações ou do local de trabalho e, se não conseguirem, devem proteger-se debaixo de uma mesa ou da ombreira de uma porta”.

O sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05h11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, não tendo causado danos pessoais ou materiais até ao momento, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O sismo já teve, entretanto, três réplicas, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

“Até à data foram sentidas mais três réplicas. A primeira com magnitude 1,2, a segunda 1,1 e a terceira 0,9. Se se voltar a justificar emitiremos novos avisos e comunicados”, adiantou o comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, num briefing, às 08h00.