Luís Marques Mendes revelou esta quinta-feira que está “mais próximo do que nunca” de decidir se será candidato presencial. À chegada à Universidade de verão do PSD, o ex-líder do partido diz que a sua reflexão pessoal “está mais adiantada do que há um ano” e que nos “próximos meses” divulga se está ou não na corrida para Belém. Mendes garante que ainda não falou com Luís Montenegro sobre o assunto, desvalorizou a entrevista em que Hugo Soares elogiou Leonor Beleza e elogiou o perfil definido pelo líder do PSD. Acaba assim por dar mais um pequeno passo, como o Observador antecipava que podia fazer, em direção a Belém.
Marques Mendes está no terreno e é o mais bem posicionado para ter apoio do PSD a Belém
Marques Mendes lembrou que “há precisamente um ano disse publicamente que admitiria ponderar uma candidatura se considerasse que podia ser útil ao país tivesse condições políticas para avançar”. Agora depois de durante uma no não ter dito “uma única palavra”, mantém “tudo o que disse”, mas acrescenta um ponto: “Talvez esteja mais próximo do que nunca de tomar uma decisão. Nunca estive tão próximo de uma decisão. Primeiro, porque as eleições presidenciais estão mais próximas, depois porque a minha reflexão pessoal está mais adiantada do que há um ano.”
O antigo líder do PSD disse ainda que a entrevista do secretário-geral do PSD ao Expresso, que disse que Leonor Beleza era uma “excelente candidata” a Belém, foi “normal” por ter falado num “catálogo de potenciais candidatos do PSD.” Explicando que não comenta o nome de nenhum “potencial” candidato, Mendes coloca todos os nomes referidos no mesmo patamar, o que desvaloriza a menção a Beleza: “Apresentou quatro, podia até apresentar cinco ou seis.”
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O antigo líder do PSD elogia ainda o perfil apresentado por Luís Montenegro na moção de estratégia “tem uma parte sobre eleições presidenciais, que diz o que é óbvio, normal e natural”. Para Mendes, a estratégia “está na linha da tradição do PSD dos últimos 20 ou 30 anos”.
As ideias para o país e o elogio a Maria Luís Alburquerque
Luís Marques Mendes esvaziou a temática presidencial durante a tarde, mas ainda falaria durante mais de duas horas com os alunos no jantar-conferência. Apesar do líder do PSD não estar na sala, Mendes agradeceu o convite de Luís Montenegro para a Universidade de Verão e disse que está a ser “um excelente primeiro-ministro”. O comentador lembrou depois a frase citada no livro “Na Cabeça de Montenegro“, da autoria de Miguel Santos Carrapatoso (editor-adjunto de política do Observador), em que o próprio Marques Mendes disse que “Montenegro ia ser uma surpresa e melhor do que se imagina”.
As declarações da tarde acabaram por marcar as perguntas da noite. Os alunos chegaram a referir-se a Marques Mendes ao jantar como “possível candidato a Presidente da República” e, de facto, o ex-líder do PSD falou, em alguns momentos, como um candidato à chefia do Estado ao apresentar, por exemplo, ideias para o país. Uma dessas ideias é, aliás, similar a uma bandeira que Marcelo Rebelo de Sousa tem vincado nos dois mandatos na Presidência: a necessidade de Portugal “ser um país com mais ambição“. Esse país, defendeu, ao jeito de slogan de campanha, deve ser “mais rico, mais justo e mais culto“.
Marques Mendes respondeu ainda a uma pergunta sobre o papel do Presidente da República em 2026, ao dizer que “o Presidente tem um papel muito importante no momento em que a vida partidária está cada vez mais fragmentada”. O comentador explica que esse contexto torna “difícil entendimentos de regime”, daí que seja “óbvio que o Presidente da República tem de ter um papel de mediação, arbitragem, aproximação de posições.”
O ex-líder do PSD classificou ainda de “correta e positiva” a escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia considerando que “tem perfil para o exercício da função”. Marques Mendes diz que é preciso que “reconhecer que há um grande trauma ainda do tempo da troika” e “compreender alguns sentimentos”, mas defende que “depois da intervenção da troika em Portugal, se fosse PS a governar o país, as medidas eram as mesmas.”
Artigo atualizado às 22h57 com declarações de Luís Marques Mendes no jantar-conferência na Universidade de Verão do PSD