O regresso de Naomi Osaka ao U.S. Open era aguardado, mas não se calculava que também seria exuberante. A entrada da tenista em campo não se limitou a ser uma notícia desportiva, saltou também para a categoria de moda, já que usou um look verde e branco que deu nas vistas pelos laços e folhos, criado especialmente para ela pela designer Yoon Ahn em parceria com a Nike.
Naomi Osaka tinha-se afastado do ténis em 2021 por motivos de saúde mental e voltou a fazer uma pausa na carreira em 2023, quando nasceu a filha, Shai. No regresso à competição no palco novaiorquino (onde já ganhou o torneio em 2018 e 2020) derrotou uma adversária colocada no top 10, Jelena Jankovic, e emocionou-se no final do jogo. Mas o espetáculo começou ainda no aquecimento quando, apesar da arte da tenista, a raquete foi o acessório que menos deu nas vistas, ofuscada pelo casaco com um laço gigante nas costas, pelos ténis com pequenos laços no calcanhar e pelo vibrante tom de verde.
“A inspiração que alimentou o look, e esta pode ser uma expressão japonesa, é sentir-me como uma ‘magical girl’ [rapariga mágica, na tradução literal] no court”, afirmou Naomi Osaka à Nike. “Há um momento de transformação para mim quando entro no court e divirto-me muito a jogar, por isso ver toda a gente que vê o look relacionar-se com esse sentimento é uma grande motivação para mim”, acrescentou a tenista.
O look de Osaka que tanto deu que falar é um de dois conjuntos (o verde para o dia e um preto para a noite) criados pela designer Yoon Ahn em parceria com a Nike para assinalar o regresso de Naomi Osaka ao U.S. Open. São os laços gigantes e os folhos que mais dão nas vistas, mas as peças foram criadas de acordo com as especificações do jogo da tenista. Também há saias e casacos para a entrada em campo e até adornos a condizer para os headphones. “O design é um exercício de ouvir e imaginar a história que o atleta quer contar. E esta é para o percurso especial da Naomi Osaka. Muitas vezes vemos os atletas como só tendo uma dimensão, presos ao seu desporto, mas eu tento levantar essas camadas e explorar as diferentes facetas de quem eles são e como se querem apresentar através do estilo”, escreveu a designer na sua conta de Instagram.
[Já saiu o quinto episódio de “Um Rei na Boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. Também pode ouvir aqui o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto episódios]
Quando Yoon Ahn perguntou a Naomi Osaka o que a interessava no momento em que começaram a pensar nos looks para o US. Open, esta respondeu-lhe com referências de subcultura japonesas e ter-lhe-á enviado looks de uma inspiração “lolita gótica”, conta a designer ao New York Times. Ahn partilha com a tenista as origens japonesas e foi co-fundadora da marca Ambush em 2008 em Tóquio.
“Ela serviu hoje no US Open com o fato que fiz para ela… que demorou dois anos a fazer desde o nosso primeiro encontro até ao jogo de hoje”, escreveu Yoon Ahn na mesma publicação na rede social, onde partilhou imagens de Naomi Osaka e até um esboço da criação que a tenista vestiu. “A moda Lolita (contexto de subcultura japonesa) proporciona um escape à idade adulta para regressar à inocência e beleza da infância”, escreveu a designer. “É uma porta de entrada para um mundo de fantasia onde se pode criar uma identidade ideal que pode não se enquadrar nas normas do dia a dia, mas é perfeita para este espaço imaginativo.”
Enquanto Naomi encanta no U.S. Open, chega às lojas uma coleção criada por Yoon para a Nike Women que, segundo a marca “conta com uma nova abordagem aos looks de ténis de antigamente” e que é criada “para aquelas que se atrevem a ser diferentes”. A designer já é uma conhecida colaboradora da marca desportiva desde 2018 e a coleção chegou a lojas Nike selecionas a 27 de agosto.
Desde Serena Williams que a moda não tinha um papel tão importante no court. Antes de se retirar em 2022, a tenista deixou a sua marca na indumentária do ténis. Primeiro, no Open de França em 2018, arrojou num macacão justo que a fazia “sentir como uma guerreira” meses depois de ter sido mãe, e baralhou de tal forma os responsáveis que os levou a criar um dress code para a competição, que passou a proibir a utilização de peças semelhantes.
Meses mais tarde, em agosto do mesmo ano, a tenista entrou em cena no U.S. Open com dois tutus criados por Virgil Abloh, fundador da marca Off-White, em colaboração com a Nike. Primeiro em preto e depois em lilás, com uma minissaia rodada e um decote assimétrico com apenas uma manga, Serena deu um bailado de força e garra.
No ano seguinte regressou a Paris com um fato que cumpria as regras e dizia, literalmente, tudo. Abloh, que na altura já comandava as coleções masculinas da Louis Vuitton, criou um equipamento onde se podiam ler as palavras “mãe, campeã, rainha, deusa” em francês. O designer também criou uma longa saia e uma capa, ambas com cauda, mas Serena recusou usar as peças e viria a confessar o seu arrependimento anos mais tarde, depois da morte do designer em 2021. Importa lembrar que foi em entrevista à revista Vogue que Serena Williams anunciou o fim da sua carreira, afinal a moda tornou-se um elemento incontornável da sua história no ténis. Veremos se Naomi Osaka também está em busca da sua própria linguagem estética.