O início da tarde desta sexta-feira ficou marcada pela queda de um helicóptero no rio Douro, onde seguiam seis pessoas: um piloto civil (o único até agora resgatado com vida) e cinco militares da GNR. A aeronave regressava de um incêndio em Gestaçô, na vila nortenha de Baião, onde afinal os esforços dos militares nem chegaram a ser necessários. Quando chegaram ao local, as chamas já eram tão pequenas que a sua intervenção nem era justificada.

Foi por volta das 12 horas que o helicóptero, um modelo AS350 – Écureuil, chegou à freguesia de Gestaçô. Mas partiu pouco depois, conta ao Observador o coordenador municipal da Proteção Civil de Baião, José Manuel Ribeiro, que estava presente no início do incêndio.

Partiram [do Centro de Meios Aéreos] de Armamar e vieram até ao teatro de operações, mas o incêndio já estava em resolução. Foi uma coisa muito pequena, tanto que o helicóptero nem chegou a atuar. Chegou e foi logo desmobilizado” para a base de origem

Órgãos de comunicação locais detalham que as chamas deflagraram por volta das 10h50 desta sexta-feira, obrigando ao envolvimento de 156 operacionais de vários corpos de Bombeiros, apoiados por 49 viaturas e três meios aéreos. De acordo com o responsável da Proteção Civil, “é habitual este helicóptero” atuar na região de Gestaçô: a aeronave “tem raio de ação para intervir ali, logo não era a primeira vez; vem com regularidade”.

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Cerca de 30 minutos depois de o helicóptero ser desmobilizado, aconteceu o acidente no rio Douro. No interior desta aeronave, além do piloto civil, seguiam cinco militares, sendo que, até ao momento em que este artigo foi publicado, já tinham sido encontrados quatro corpos. Questionado sobre o número de pessoas que estava dentro da aeronave, José Manuel Ribeiro explica que “é habitual que as equipas helitransportadas que fazem as primeiras intervenções sejam sempre compostas por cinco pessoas”.

Saber como esta equipa da Unidade de Emergência Proteção e Socorro, (UEPS, antigamente denominado GIPS) que integra o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, é constituída é difícil de dizer, explica o coordenador José Manuel Ribeiro. A organização das equipas “é uma questão militar, a equipa vai rodando, não são sempre os mesmos homens“, diz, sem conseguir entrar em detalhe acerca dos militares que perderam a vida no rio Douro esta semana. Contudo, durante a tarde o comandante Rui Silva Lampreia adiantou, em declarações aos jornalistas, que se tratavam de militares “na casa dos 30 anos”.

Helicóptero de combate a incêndios cai no rio Douro. Piloto terá sido resgatado, buscas continuam

Estes militares treinados da GNR nem chegaram a atuar em Gestaçô, mas, caso tivesse sido apenas mais um dia normal, “iriam aterrar num local livre e próximo da ocorrência”, começa por contar o responsável da Proteção Civil de Baião. Depois, “a equipa sairia do helicóptero, retiraria o balde acoplado (que vem num espécie de suporte, não vem pendurado), para usarem em descargas. Retiram ainda todo o material que têm de ferramentas de sapador”. A equipa faz, assim, “um combate apeado com recurso a ferramentas manuais e um extintor dorsal ligeiramente pequeno”, resume.

Ao helicóptero — que neste caso é operado pela empresa HTA Helicópteros, sediada em Loulé — cabe a missão de “dar apoio aéreo”. “O helicóptero passa a fazer também um combate ao incêndio, apoia sempre no teatro de operações”, remata.

No local onde aeronave caiu, em Lamego, as operações subaquáticas de busca foram suspensas, sendo retomadas ao amanhecer de sábado. Ao Observador, fonte da Polícia Marítima avançou que a unidade de investigação criminal já iniciou uma investigação sobre a queda do helicóptero.