Hunter Biden declarou-se culpado das nove acusações que enfrentava por fuga aos impostos. Esta quinta-feira, o filho mais novo do Presidente norte-americano tentou alterar o acordo que fez com o Ministério Público do Estado da Califórnia, mas acabou por assumir a culpa, avança a CNN.

Este acordo não tinha sido discutido com os procuradores e foi avançado pela defesa de Biden de forma unilateral, sendo classificado, por isso, como um “acordo aberto”. A admissão de culpa inclui uma acusação de evasão fiscal, duas de apresentação de falsas declarações fiscais, quatro contraordenações não pagar impostos e duas contraordenações de por não apresentar declarações fiscais.

O acordo já foi aceite pelo juiz Mark Scarsi do tribunal distrital de Los Angeles e a leitura da sentença está agora marcada para o dia 16 de dezembro, adiada para depois das eleições presidenciais norte-americanas.

“Ficámos tão chocados como toda a gente que estava na sala de audiências esta manhã”, declarou o procurador Leo Wise. O choque tem duas explicações. Por um lado, é raro que figuras mediáticas admitam a culpa em tribunal. Por outro, na manhã desta quinta-feira, o filho mais novo de Biden já tinha apresentado um outro acordo, conhecido como Apelo Alford.

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Este tipo de acordo, que não é uma admissão de culpa, é uma das várias possibilidades que os arguidos têm ao seu dispor nos Estados Unidos para chegar a um acordo com o Ministério Público estadual ou federal e evitar um julgamento. A característica específica do Apelo Alford é que permite manter a inocência mas o arguido acaba por reconhecer que existem provas suficientes para o condenar e aceita a sentença sem se sujeitar a um longo julgamento.

Os procuradores criticaram o recurso a este acordo, que não é permitido em alguns Estados, mas o advogado de Biden, Abbe Lowell, recusou as acusações que o filho do Presidente estava à procura de “tratamento especial”. “O Alford existe. O Supremo Tribunal diz que existe e por todos os Estados Unidos as pessoas utilizam-no”, recusou.

Lowell, tinha explicado que o objetivo era “resolver isto hoje [quinta-feira]”, uma vez que a acusação não chegou a um acordo com a defesa. A única proposta que os procuradores norte-americanos apresentaram foi, precisamente, uma admissão total de culpa pelas nove acusações, algo que, inicialmente, tinha sido recusado pela defesa.

Para esta quinta-feira estava marcada a nomeação de um júri. A sessão foi suspensa para o juiz Scarsi poder apreciar o primeiro apelo apresentado. No seu regresso, a defesa apresentou o acordo, um documento de 56 páginas, que demorou uma hora e meia a ser lido, notam os media norte-americanos. Devido às repetidas mudanças de posição Hunter Biden teve de fazer um juramento solene que não lhe tinha sido feita nenhuma promessa — nem nenhuma pressão — para assumir a culpa. Depois, ainda teve de responder a uma série de questões formais, para confirmar a admissão de culpa.

Filho de Joe Biden considerado culpado dos três crimes de que estava acusado

Esta é o segundo julgamento do filho de Joe Biden em 2024. Em junho, foi considerado culpado por três crimes federais de porte de armas no Delaware. Agora, estão em causa nove crimes fiscais: Biden não pagou 1,4 milhões de dólares (mais 1,2 milhões de euros) e submeteu falsas declarações fiscais. Biden utilizou o dinheiro para comprar carros de luxo, hotéis extravagantes e trabalhadoras do sexo.

Notícia atualizada às 23h30 com a admissão de culpa