O Prémio António Champalimaud de Visão de 2024 distingue quatro neurocientistas estrangeiros com trabalho sobre o reconhecimento facial, de formas e cor, anunciou esta quarta-feira a fundação que institui o galardão, no valor de um milhão de euros.

Margaret Livingstone, Nancy Kanwisher e Doris Tsao (Estados Unidos) e Winrich Freiwald (Alemanha) são os vencedores da edição deste ano do “maior prémio na área da visão”, indicou em comunicado a Fundação Champalimaud, salientando que a investigação feita pelos cientistas “permitiu avanços significativos no campo da neurociência visual”.

A neurocientista Margaret Livingstone, da Universidade de Harvard, demonstrou que as primeiras áreas do cérebro que processam o que as pessoas veem “estão organizadas em partes separadas, especializadas na cor, na forma, no movimento e na profundidade”.

“Tudo o que percebemos, através de todos os nossos sentidos, são apenas padrões de neurónios [células do sistema nervoso] que disparam no cérebro. Diferentes partes do cérebro representam diferentes modalidades sensoriais ou diferentes aspetos de uma modalidade sensorial”, assinalou à Lusa.

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Nancy Kanwisher, Doris Tsao e Winrich Freiwald “descobriram um sistema de áreas do cérebro que são fundamentais para reconhecer rostos”.

A sua investigação “permitiu compreender como o cérebro processa as características faciais, desde reconhecimento inicial até à identificação da pessoa, independentemente da sua pose”, assim como identificar mecanismos neuronais específicos “responsáveis por codificar várias características faciais, decifrando-se a estrutura que o cérebro usa para reconhecer rostos”.

O Prémio António Champalimaud de Visão é atribuído anualmente, sendo que em anos pares “reconhece grandes avanços na investigação na área da visão e/ou recuperação da visão” e em anos ímpares “distingue organizações que se destacam na luta contra a cegueira e problemas de visão”.

O júri é presidido pelo oftalmologista e epidemiologista norte-americano Alfred Sommer. O prémio tem o nome do industrial português António Champalimaud (1918-2004), que deixou em testamento a criação da Fundação Champalimaud e morreu cego e com um cancro, uma das doenças estudadas no centro de investigação da instituição.