O Grupo Nacionalista 1143 está a organizar uma manifestação em Guimarães, em 5 de outubro, dia em que também decorrerá a concentração “Guimarães pela Liberdade, mobilização nacional contra o neonazismo”, exigindo medidas para “travar a escalada de ódio”.
O Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia explica, em comunicado, que “perante os acontecimentos das últimas semanas, a nível nacional e internacional, e com uma manifestação neonazi marcada para 5 de outubro em Guimarães”, divulgou uma carta aberta, na quarta-feira, “chamando a atenção para a necessidade urgente de serem tomadas medidas por parte dos responsáveis de várias esferas políticas e de justiça”.
“As entidades a quem a carta se dirige têm o dever de agir para travar a escalada de ódio que se verifica e criar mecanismos que realmente permitam a melhoria das condições de vida de todas as pessoas, assegurando o acesso a direitos básicos de saúde, educação, justiça, participação e reconhecimento cívico”, refere este Grupo.
A carta, que tem como destinatários o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, as ministras da Administração Interna e da justiça, Margarida Blasco e Rita Alarcão Júdice, e a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, conta com a assinatura de 105 organizações e de 1.298 pessoas.
Do Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia fazem parte 68 associações e movimentos contra o racismo, a xenofobia e o fascismo, “determinados a lutar por um Portugal, uma Europa e um mundo mais inclusivos e interculturais, contra todas as opressões e formas de discriminação”, lê-se ainda no comunicado.
Inicialmente, estava previsto que acontecesse uma manifestação antifascista, organizada pelo movimento Guimarães pela Liberdade, que faz parte do Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia, mas, Luís Lisboa explicou esta quinta-feira à agência Lusa que optaram por realizar uma concentração “para evitar o confronto” e o cruzamento com a manifestação nacionalista.
“Não podemos permitir que instrumentalizem a cidade de Guimarães e a tornem o centro do ódio para legitimar e normalizar ideologias racistas. Assim, as pessoas de Guimarães, as associações e os coletivos de Guimarães e do país inteiro estão unidas para assinalar e celebrar a República e assegurar que, quer Guimarães quer o resto do país, não são racistas e não compactuam com a instigação ao ódio e à segregação social”, refere este movimento, em comunicado anteriormente divulgado.
Para 5 de outubro, feriado nacional, Dia da Implantação de República, está marcada uma manifestação organizada pelo Grupo Nacionalista 1143, liderado por Mário Machado.
Intitulada “Reconquistar Portugal”, o militante de extrema-direita espera ter a “maior manifestação nacionalista” que o país já assistiu este ano, apelando à participação dos “nacionalistas” de todo o país.
A Lusa contactou a Câmara de Guimarães, a PSP de Braga e o Ministério da Administração Interna sobre a realização das duas iniciativas, aguardando as respostas.