O Movimento Democrático das Mulheres classificou como “sexista” e “idadista” o discurso de Lucília Gago durante a audição na Assembleia da República na terça-feira. Recorde-se que a atual procuradora-geral da República disse que o facto de o Ministério Público ser constituído por uma maioria de mulheres é um fator de “agravamento de constrangimento”.

Em concreto, a frase completa de Lucília Gago foi a seguinte: “Há uma diminuição de 12 magistrados, isto leva à insuficiência de magistrados. A greve de funcionários judiciais tem malefícios que só daqui a algum tempo é que serão medidos. Há uma falta de 400 funcionários judiciais. Se as condições dos funcionários judiciais continuarem é certo que podemos abrir concursos que eles acabarão por não permanecer nesse desempenho. O peso do sexo feminino é superior a dois terços, ou perto de 90%, se considerada a faixa etária até aos 30 anos. Objetivamente, esta circunstância constitui um fator de agravamento de constrangimentos em razão de situações de gravidez, de gravidez de risco, de baixa para assistência a filhos menores, gozo de licença parental, ausência para efeitos de amamentação, toda uma panóplia de situações que ocorrem comummente”.

Ora, em declarações à Antena 1, Sandra Benfica, representante do Movimento Democrático das Mulheres, não poupou críticas a Lucília Gago. “Há direitos conquistados e é tempo de reconhecer o trabalho das mulheres. [O número de mulheres] é uma conquista civilizacional e não um constrangimento”, sublinha. Benfica.

A representante do Movimento Democrático das Mulheres recordou todo o caminho percorrido em matéria de direitos das mulheres desde a revolução de 1974 e apontou o dedo a Lucília Gago: “Qualquer afirmação que reduza a presença da mulher no Ministério Público é uma afirmação que desvaloriza os direitos conquistados, perpetuando ‘ad eternum’ as desigualdades. É tempo de deixar as mulheres fora das fogueiras”.

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