O novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, elogiou esta segunda-feira o que classificou como “progressos notáveis” de Itália no combate à imigração ilegal e disse concordar com “novas soluções” a serem aplicadas também no Reino Unido.

“Fizeram progressos notáveis, trabalhando em plano de igualdade com os países ao longo das rotas migratórias para lidar com as causas da migração na origem e para combater as redes, e o resultado é que as chegadas ilegais por mar a Itália diminuíram 60% desde 2022”, disse Starmer em Roma numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga italiana, Giorgia Meloni.

Antes do encontro com Meloni, em Roma, o primeiro-ministro britânico visitou esta segunda-feira de manhã o Centro Nacional de Coordenação para as Migrações, também na capital italiana, tendo na ocasião justificado a sua visita a Itália com a vontade de perceber o sucesso na redução das chegadas de imigrantes irregulares a território italiano.

A entrada de imigrantes ilegais em Itália diminuiu drasticamente, por isso quero perceber como é que isso aconteceu“, explicou Starmer, acrescentando que há muito que acredita que “impedir as pessoas de partir é uma das melhores formas de resolver esta questão”.

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Eleito chefe de Governo em julho passado, o líder trabalhista, que rejeitou o plano do anterior governo conservador britânico de expulsar migrantes para o Ruanda, foi confrontado com os maiores motins no Reino Unido desde 2011, que tiveram como alvo mesquitas e albergues de migrantes em todo o país, admitindo agora replicar o ‘modelo’ italiano.

Starmer admitiu estar particularmente interessado nos acordos estabelecidos pelo Governo de Meloni com as autoridades da Líbia e da Tunísia, para reduzir o número de partidas desde estes dois países do Magrebe, mas também foi abordado o polémico acordo estabelecido em novembro do ano passado entre Roma e Tirana com vista à criação de dois centros de migrantes na Albânia,

“Falámos sobre o protocolo Itália-Albânia, ao qual o Governo britânico está a prestar muita atenção. Fornecemos elementos que permitem compreender melhor este mecanismo”, revelou Meloni.

“O modelo imaginado pelo Governo italiano de centros para tratar os pedidos de asilo sob jurisdição italiana e europeia num país estrangeiro nunca tinha sido experimentado e, se funcionar, e penso que funciona, toda a gente compreenderá que há um ponto de viragem também para o elemento de dissuasão de confiar nos criminosos’, acrescentou a primeira-ministra italiana, garantindo que os centros em questão estarão totalmente operacionais numa questão de “semanas”.

A visita de Starmer a Itália, atualmente governada por uma coligação de extrema-direita e direita encabeçada pelos Irmãos de Itália (‘Fratelli d’Italia’) de Meloni, suscitou críticas mesmo de figuras do seu partido, com um deputado, Kim Johnson, a deplorar que o líder britânico esteja a “procurar lições de um governo neofascista”.

Starmer, tendo o primeiro-ministro argumentado que se trata apenas de ser “pragmático”.

“Hoje foi, por assim dizer, um regresso ao pragmatismo britânico. Somos pragmáticos quando confrontados com um desafio, discutimos com os nossos amigos e aliados as diferentes abordagens que estão a ser adotadas, analisamos o que funciona”, disse.

De acordo com os dados do Ministério do Interior italiano, o número de migrantes que chegam este ano por mar diminuiu consideravelmente face a 2023, ao terem sido registadas desde 1 de janeiro passado, e até 13 de setembro, 44.675 chegadas, contra 125.806 no mesmo período do ano passado.

Desde o ano passado que as diversas Organizações Não-Governamentais (ONG) que operam no Mediterrâneo denunciam o que classificam como “uma política de guerra” que lhes é dirigida pelo atual executivo italiano chefiado por Giorgia Meloni, que acusam de restringir o acesso humanitário no Mediterrâneo Central, considerada a rota migratória mais perigosa do mundo.