Há uma crítica implícita na declaração que o líder do PS fez para dizer que “não é o momento para críticas”. Pedro Nuno Santos diz que não vai “fazer o mesmo que o PSD fez em 2017” e que, por isso, não vai “pedir a cabeça de nenhum ministro” no momento em que ainda se combate a vaga de incêndios a norte e centro do país. Mas, passado este momento, promete uma “avaliação crítica” — e avisa já que as suas prioridades não são as de Montenegro. “Há muitas perguntas para fazer”, disse, mas agora “o momento é de união“.
As tréguas do maior partido da oposição vêm não só com prazo como com a promessa de uma retoma em força. “Teremos tempo para fazer a avaliação do momento e das medidas que entretanto foram anunciadas [pelo Governo]. Há lições para se retirar destes incêndios e haverá o momento dessa avaliação, não só das medidas como da ação política ao longo de toda a época de incêndios”, afirmou Pedro Nuno Santos. Só depois ser´ao tempo da “diferença política — se ela existir — e da avaliação crítica que, em alguns casos, se justifique”. “Há muitas coisa que aconteceram nos últimos dias que carecem de explicação”, avisa desde já.
Por agora, “o momento é de união. Temos de estar concentrados no combate aos fogos e no apoio às populações, para apoiar o que for necessário, para as alterações legislativas e políticas” que forem precisas, detalhou defendendo “consensos alargados” nas reformas necessárias na prevenção e combate aos incêndios.
O socialista quis falar sobretudo para prestar “solidariedade com todas as populações e com quem está a travar este combate” e também com as famílias das vítimas daquilo que classifica como “uma catástrofe”.
Montenegro promete perseguir criminosos que incendeiam florestas
Questionado sobre os erros que vieram do passado, nomeadamente de 2017 (depois dos grandes fogos de junho e outubro desse ano), Pedro Nuno garante que “houve mudanças que se conseguiram e outras, infelizmente, não se concretizaram”, mas que foram retiradas lições desse tempo em que era o PS que estava no Governo. Sobre esse momento atira culpas mas à oposição, que diz ter feito aproveitamento político “erradamente”.
No entanto, quando confrontado com os interesses por trás dos incêndios de que falou o primeiro-ministro esta terça-feira, Pedro Nuno Santos diz que “a investigação criminal e os tribunais não são da competência do Executivo e é importante que cada um assuma as suas responsabilidades diretas a cada momento”. “Todos nós esperamos que a Justiça funcione e haja consequências e as detenções têm aumentado, mas esse está muito longe de ser o aspecto central do que estamos a acontecer no país.
O socialista defende que o trabalho a ser feito seja nas áreas da prevenção e do combate aos incêndios e que o PS estará “disponível” para esse trabalho no futuro.