O excedente nas contas públicas nacionais melhorou para 1,2% no segundo trimestre, de acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). De acordo com as estatísticas oficiais, houve um saldo de 1.754 milhões de euros naqueles três meses entre abril e junho, o que equivale a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O saldo positivo surge depois de o primeiro trimestre ter fechado com um pequeno défice, de 0,2%, refletindo uma divergência mais desfavorável entre receitas e despesas que é um efeito comum nos primeiros três meses de cada ano.

Primeiro trimestre volta a ser de défice orçamental de 0,2%

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A informação está no relatório intitulado “contas nacionais por setor institucional”, que foi publicado pelo INE nesta segunda-feira. O saldo positivo das contas públicas foi ainda maior, ligeiramente, do que o excedente que houve em igual período do ano passado: na altura, 1,1%.

Essa posição mais favorável das contas, em comparação com o período homólogo, tem implícito um aumento da despesa (7,5%) que foi largamente superado pelo aumento da receita (11,4%), segundo o INE.

Do lado da despesa, houve “um crescimento de 8,2% da despesa corrente, em resultado do aumento dos encargos com prestações sociais (9,5%), das despesas com pessoal (7,6%), dos encargos com juros (3,0%), do consumo intermédio (3,8%) e da outra despesa corrente (29,4%), tendo os subsídios pagos diminuído 22,8% depois de terem aumentado significativamente no trimestre anterior”, pode ler-se no relatório.

Já no lado da receita, a coleta de impostos sobre o rendimento e sobre o património aumentou 16,2%, ao passo que a cobrança de impostos sobre a produção e as importações cresceu 8%. Um contributo positivo para a receita foi, também, dado pelas contribuições sociais, que aumentaram 10%.

A contabilização do INE reflete a contabilidade nacional, que importa para Bruxelas, e é distinta da contabilidade pública (usada pela Direção-Geral do Orçamento). A diferença é que em contabilidade pública são registadas as contas em ótica de caixa, ou seja, no momento em que as receitas e as despesas são efetivamente realizadas, enquanto em contabilidade nacional a ótica é a de compromisso – o que faz com que os dois valores sejam distintos.

Taxa de poupança das famílias atinge 9,8%, máximo desde a pandemia

O INE revelou nesta segunda-feira, também, que a taxa de poupança das famílias continua a subir, o que se deverá, em parte, às subidas dos salários e às descidas das taxas de juro que indexam a maioria dos créditos à habitação.

O valor da taxa de poupança aumentou 0,6 pontos percentuais para 9,8% do chamado “rendimento disponível bruto”, neste segundo trimestre, em comparação com o primeiro antecedente. É o valor mais elevado dos últimos dois anos, em rigor, desde o quarto trimestre de 2021.

O aumento da taxa de poupança, acrescenta o INE, “foi consequência do aumento de 2,2% do rendimento disponível bruto (2,4% no trimestre anterior), superior ao crescimento de 1,4% do consumo privado”.