Luís Montenegro afastou esta segunda-feira por completo a hipótese de governar em duodécimos se o próximo Orçamento do Estado para 2025 vier a ser chumbado. “Estamos confiantes na aprovação do Orçamento do Estado porque estamos conscientes de que os duodécimos não são solução”, assumiu o primeiro-ministro. Ora, consequentemente, esta é a primeira vez que Montenegro aludiu, ainda que indiretamente, à necessidade de existir eleições antecipadas em caso de chumbo orçamental.

Chegando mesmo utilizar o argumentário já apresentado por Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao regime de duodécimos, o social-democrata lembrou que houve “duas eleições legislativas seguidas” e que, a “haver umas terceiras, seriam as terceiras em três anos”. “Não vivemos sozinhos na Europa e no mundo. Estamos integrados numa ordem mundial onde há muita instabilidade e incerteza”, avisou o primeiro-ministro. “Todos têm de mostrar o sentido de interesse coletivo. Isto não é chantagem política, nem pressão política. É uma exigência democrática. Aquilo que queremos é que cada um assuma as suas responsabilidades.

“Se o interesse nacional, no juízo destes partidos, for de rejeição do orçamento, têm de assumir a responsabilidade de rejeitar o Orçamento. Se o interesse nacional, na visão de outros partidos, é que devemos ter um Orçamento de Estado em vigor em 2025, devem naturalmente ter as iniciativas e diligências que possam contribuir para ter esse desfecho”, desafiou Montenegro.

Num discurso com muitas indiretas não concretizadas para Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro referiu-se aos mais recentes episódios em torno das negociações orçamentais como “pequenos detalhes” que “só interessam a quem não tem nada a dizer” aos portugueses. Sem nunca atacar concretamente a Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro não deixou de fazer referência às “posições imaturas e infantis” que muitos “dirigentes políticos” têm tomado nos últimos dias.

“Enquanto outros se foram preocupando com pequenos detalhes, que só interessam a quem não tem nada a dizer aos portugueses, o Governo esteve a governar. Enquanto outros estão atarefados em falar das pequenas coisas, nós vamos continuar a falar daquilo que importa. Enquanto outros andam distraídos com pequenas questões, nós andamos a salvar os serviços públicos”, começou por dizer o social-democrata, antes de concluir: “Não vamos falar com impulsividade ou com estados de alma. Vamos ter muita paciência”.

Estas declarações de Montenegro, a partir do Conselho Nacional do PSD, surgem depois do episódio da troca de comunicados entre PS e Governo com acusações de parte a parte de indisponibilidade para negociar o próximo Orçamento do Estado — folhetim que conheceu novo capítulo com as reuniões desta segunda-feira com Rui Rocha e André Ventura. Sem comentar diretamente os avanços e recuos nas negociações, o social-democrata disse que era ter “muita paciência”.

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